Duzentos e vinte dias depois de ser inaugurado pelo ex-governador Orlando Pessuti, chegou o dia do Terminal Central de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, iniciar efetivamente suas operações. A partir da manhã de hoje, o novo terminal vai atender diariamente a uma população de aproximadamente 72 mil pessoas por meio de 31 linhas. Os cerca de sete meses em que o terminal permaneceu fechado foram necessários, segundo a prefeitura local, para adequar a cidade ao novo itinerário das linhas. Ao longo desse período, diversas ruas mudaram de sentido.

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A estrutura chega com um novo sistema de bilhetes eletrônicos. O Vale Eletrônico Municipal (VEM), já utilizado há alguns anos, vai permitir diversas integrações entre os ônibus do município, o que não acontecia anteriormente. “O VEM permitirá ao usuário que usa a rede municipal cortar pela metade o preço de sua segunda passagem. Isso valerá para quem for até o Centro e quiser se deslocar para outra região da cidade”, explica Luis Scarpin, secretário de Urbanismo de São José dos Pinhais. Ao contrário do sistema de Curitiba, quem utilizar o VEM terá 60 minutos para embarcar em um novo ônibus, o que possibilita que o usuário desça em qualquer ponto no Centro da cidade.

Diferença

Outra inovação começará a funcionar na região sul da cidade. Segundo Scarpin, o bairro São Marcos abrigará um ponto que funcionará como um terminal, permitindo que os usuários paguem de acordo com o trajeto que percorrerem. “Quem pegar o ônibus na região rural da cidade até o bairro São Marcos, por exemplo, pagará R$ 1,30. Lá ele poderá descer e cumprir seus compromissos. Caso queira seguir em frente, até o Centro, complementará o valor da passagem com R$ 0,50, alcançando assim o valor da tarifa base: R$ 1,80”, explica. A partir do Centro, o passageiro pode ainda se deslocar para os bairros localizados na região norte. Para isso deverá pagar a metade da tarifa (R$ 0,90).

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Rural

Quem mora na região rural norte da cidade pagará R$ 1,80 para se deslocar até o Terminal Afonso Pena. “Chegando ao Afonso Pena, esses usuários não pagarão mais nada para se deslocar até o Centro da cidade. Agora, para ir ao São Marcos a partir desse caminho, por exemplo, será necessário pagar a metade da tarifa (R$0,90)”, explica. O novo sistema traz ainda a Linha Centro, que atenderá deslocamentos nessa área da cidade. O valor da tarifa será R$ 0,90. Quem vier das regiões norte e sul não pagará nada para andar nessa linha, desde que tenham pago a tarifa base anteriormente.

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Chip

Esse sistema que permite o pagamento fracionado da passagem, no entanto, só poderá ser utilizado por meio do cartão recarregável VEM, que pode ser adquirido gratuitamente na prefeitura. “Trata-se de um cartão com chip que trará maior segurança a todos. Os usuários receberão os descontos e os cobradores deixarão de acumular valores no coletivo, o que diminuirá o risco de assaltos”, relaciona o secretário. Quem não tiver o VEM deverá pagar normalmente o valor integral das passagens.

Falta de integração com RIT ainda preocupa

Antes de entrar em funcionamento, a demora existente entre a inauguração, em junho de 2010, e a operação do novo terminal, hoje, gerou várias reclamações entre os moradores e usuários do sistema. A situação mais preocupante, segundo eles, é a ausência de São José dos Pinhais na Rede Integrada de Transporte (RIT), o que permitiria que os usuários pagassem apenas uma passagem para circular entre Curitiba e outros municípios ligados à rede.

Para a corretora de imóveis Noêmia Restofe, o pagamento duplo representa a falta d,e atenção das autoridades. “Estou há dez anos na cidade, mas parece que os políticos não percebem o quanto esse pagamento prejudica as famílias”, aponta. Segundo ela, até o setor imobiliário sofre com isso. “Já perdi muitas vendas pela necessidade do pagamento de duas passagens”, relata. A opinião do estudante Maycon Vieira, que mora em São José dos Pinhais e estuda em Curitiba, é semelhante. “Não acho justa essa cobrança. Eu poderia viver melhor se não tivesse que gastar R$ 70 a mais por mês só para poder estudar”, reclama.

Questionado sobre a ausência da RIT em São José dos Pinhais, o secretário municipal de Urbanismo, Luis Scarpin, afirma que apenas 8% dos usuários precisam da integração. “É por isso que São José dos Pinhais se desenvolveu mais. Sem a integração, protejo o trabalhador da cidade, pois incentivo a população a continuar aqui”, avalia. Atualmente, apenas as pessoas que moram ao lado do terminal pagarão uma passagem para fazer parte do sistema integrado, pagando R$ 2,20 para entrar no Ligeirinho.

De acordo com Ismael Bagatim França, coordenador de Programação Operacional do Transporte Coletivo de Curitiba, da Urbanização de Curitiba (Urbs), em princípio o sistema existente em São José dos Pinhais será mantido. “Hoje já existem linhas de integração, como o Ligeirinho Barreirinha-São José. Mas estudos entre a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) e a Urbs serão feitos para analisar alternativas”, adianta.

Equação

Segundo Rui Hara, coordenador da Comec, a integração no transporte público entre municípios da Região Metropolitana de Curitiba depende de fatores econômicos e físicos. “O fator econômico existe em virtude da necessidade de se chegar a um preço único, independente da distância. É uma equação muito difícil”, afirma. Sobre a questão física, Hara destaca a necessidade de mudanças em terminais e linhas de ônibus.