Milhares de pessoas participaram ontem da missa que oficializou a elevação do Santuário Nossa Senhora do Rocio em Paranaguá a Santuário Estadual. Para motivar a peregrinação durante todo o ano, o bispo da cidade, dom Alfredo Novack, anunciou a construção de um complexo turístico para receber os fiéis.
Segundo dom Alfredo, desde o dia 6, quando as novenas começaram, já passaram pela cidade 120 mil pessoas. Com o complexo, eles esperam dobrar o número de visitantes ao santuário durante a comemoração e também incentivar que peregrinos visitem ao longo de todo ano o local.
“Toda semana deve ter uma caravana de algum ponto do Estado”, comenta dom Alfredo. Para isso, será oferecida à população infra-estrutura que atenda todas às necessidades dos fiéis, como a Casa do Penitente, com espaço para palestras e confessionários. A Casa da Acolhida, com sanitários, fraudário, chuveiro e espaço para que as pessoas possam lanchar e, ainda, a Casa dos Milagres, onde as pessoas poderão deixar suas lembranças em agradecimento a graças alcançadas. O atendimento religioso será prestado pelo missionários redentoristas que cuidam do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. “É preciso ter sempre alguém aqui para receber as pessoas”, afirma dom Alfredo.
Além disso, o santuário será reestrurado para abrigar um número maior de pessoas. Também pensa-se construir um palco para abrigar eventos culturais e religiosos, atraindo turistas que estão nas praias durante a temporada de verão.
O projeto de construção do complexo está em fase avançada. Ele é coordenado pela comissão pró-santuário, formada por membros de dioceses de todo Estado. Estima-se que em três anos todo o santuário esteja pronto, com um custo de até R$ 6 milhões. Os recursos devem vir do Ministério do Turismo, ajuda internacional e também da própria Igreja.
Também está marcada a segunda visita da imagem peregrina de Nossa Senhora a todas as cidades do Estado. Mas ainda não está definido qual município vai ser o primeiro a receber a imagem e nem quando ela retornara à Paranaguá.
Graças alcançadas
Muita gente aproveitou o dia para rezar e agradecer as graças alcançadas. Foi a quinta vez que Geni Rosa Kovalski, de 38 anos, participou da festa. Ela explica que o marido fez uma promessa e enquanto ele for vivo vai cumprir a tarefa de visitar a santa. “Venho porque também tenho fé em Nossa Senhora”, diz. Já Celina Greboggi, 59, foi fazer um pedido à santa. Ela mora em Curitiba e foi com um grupo de pessoas da paróquia que freqüenta. “Sou muito devota de Nossa Senhora. Em todos os cantos da minha casa tem uma imagem”, afirma. Ana Francisca do Amaral, 78, conta que é a primeira vez que vai a Paranaguá para a festa. “Tenho fé em todos os santos, sempre que tem uma festa assim gosto de participar”, diz. (Elizangela Wroniski)
O lucro proporcionado pelos fiéis
Enquanto os fiéis rezavam, os comerciantes aproveitavam para ganhar a vida. Miguel Gutierrez veio de São Paulo para vender chaveiros, pulseiras e alianças. Ano passado conseguiu R$ 450,00 na festa. “Espero vender a mesma quantidade ou até mais”, comenta.
João Carlos dos Santos, que mora na praia de Caiobá, em Matinhos, não estava muito confiante com o movimento. Ele estava preparado para vender mil espetinhos durante os sete dias de festa, até o início da manhã de ontem tinha vendido apenas 50. “Espero que as coisas melhorem. Até agora não paguei nem as despesas”, lamenta.
Iziel Nicolau Carvalho mora na ilha de Valadares, em Paranaguá. Como há poucas oportunidades de trabalho por lá, resolveu ganhar um pouco vendendo milho verde. Mas também não estava contente com o movimento. “Ano passado estava melhor. Conseguiu R$ 800,00”, conta. (EW)