Ninguém assume que quer casar, mas muitas pessoas foram até a Igreja do Senhor Bom Jesus, no centro de Curitiba, ontem, para comer um pedaço do bolo de Santo Antônio, conhecido como santo casamenteiro. Cerca de 4 mil pessoas fizeram fila na paróquia para levar parte do bolo de 2.800 quilos no qual continua 2.600 imagens do santo. Reza a lenda que quem tem sorte de encontrar a imagem pode se considerar comprometido com o altar.
Mas ninguém tem mais sorte que a dona-de-casa Marieda Vieira de Freitas, que quase todos os anos encontra a imagem do franciscano, e ontem não foi diferente. Ela conta que em 2000 comprou dez pedaços de bolo e em todos achou o santo. As imagens, garante, distribuiu para a família, pois acredita que elas são símbolo de sorte, não só para encontrar um bom casamento. O santinho que encontrou esse ano dará para a neta Daiane Resende, “pois ela quer um emprego e passar no vestibular, mas se arrumar um namorado também será muito bom”.
Agradecer as graças recebidas foi o que levou Cleo Cotoski à igreja ontem. Ela, acompanhada pelo marido, estava levando dez pedaços de bolo, e revela “um vai para uma pessoa que quer casar”. A história de Santo Antônio como santo casamenteiro nunca foi comprovada por milagres, apenas com histórias populares. A mais conhecida é de uma jovem nobre italiana que, apaixonada por um rapaz pobre, foi se lamentar para o santo, pois a família era contra o romance. Santo Antônio teria convencido os pais da moça a permitirem o namoro, que acabou dando em casamento.
O jornalista Juarez Taborda foi pego de surpresa, pois enquanto fazia a matéria sobre os bolos encontrou a imagem do santo dentro da massa. “Eu pensei que era uma pedra”, conta, dizendo que quase quebrou o dente quando mordeu a imagem. Ele se considera uma pessoa de sorte e agora vai torcer, junto com Santo Antônio, para o Brasil ganhar a Copa do Mundo.
O frei Júlio César Batista Santos revelou que o Santo Antônio também é conhecido como santo das coisas perdidas. Voluntária há 30 anos na paróquia, Irene Merlin conta a história de uma amiga de São Paulo, que nem era católica, e que perdeu todos os documentos da empresa que é proprietária. “Rezei com muita fé para Santo Antônio ajudar minha amiga, e um rapaz, que não ficamos sabendo quem era, devolveu tudo”, disse Irene.