Até 2008 Santa Felicidade deve ganhar um novo parque com cerca de 100 mil metros quadrados de área natural preservada no centro do bairro. O espaço irá ajudar a despoluir o Cascatinha, um dos rios que corta a região e que deságua no Barigüi, dando força a um projeto da Prefeitura de Curitiba que pretende revitalizar o rio. E isso tudo graças ao esforço de um empresário do bairro, Eurico Borges dos Reis, e de seu filho de 19 anos, Ricardo, que encabeçaram um projeto iniciado por associações de Santa Felicidade, em 2002 acharam por bem ir além do aspecto gastronômico da região e lançaram uma carta compromisso, que entre outras coisas intermediou junto à Sanepar a instalação de redes de esgoto nas áreas de mananciais do bairro.
O parque, ainda sem nome, será fruto da Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) Cascatinha, a primeira do gênero em área urbana no país. A reserva surgiu porque, baseado em um dos termos da carta compromisso que falava da preservação das áreas verdes do bairro – que abriga 60% das áreas verdes nativas da cidade -, Eurico decidiu averbar como área de preservação no registro de imóveis um terreno de oito mil metros pertencente à família onde passa o Rio Cascatinha. ?Fizemos uma análise da água e descobrimos que ele apresenta apenas concentração alta de coliformes fecais, estando livre de poluição química?, diz Ricardo.
Com isso em mente, surgiu a idéia de despoluir o rio. Para tanto eles se valeram mais uma vez do esforço inicial da comunidade local. Como a Sanepar já construiu a rede de esgoto, Ricardo percebeu que se conseguir que todos na bacia do rio façam a ligação do esgoto, o Cascatinha voltará a correr limpo. O projeto chamou a atenção da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que emprestou a lei federal de regulamentação de RPPN?s e criou uma legislação municipal para esse tipo de reserva. ?A lei permite que o potencial construtivo dessas áreas possa ser transferido para outros locais, além de dar incentivos fiscais?, diz Eurico. O terreno da família então ganhou status de reserva de proteção, a primeira em área urbana do Brasil.
Adesões
Ricardo, então à frente do projeto, passou a mostrar a outros empresários que tinham áreas ligadas ao terreno as vantagens de transformá-las em RPPN?s urbanas. ?Começamos com oito mil metros e já estamos em 20 mil. A meta é atingir 100 mil metros quadrados em 2008, quando então transformaremos tudo em um parque que terá área de visitação e outra apenas para preservar a vegetação. E tudo porque a comunidade se uniu?, explica. A Secretaria Municipal de Educação também já encampou o projeto e usará o futuro parque para educação ambiental dos alunos de Santa Felicidade. A Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) também apadrinhou a iniciativa e deve criar uma sede no futuro parque.
Premiação
O projeto é de um inedititismo tão grande que Ricardo se tornou um dos quatro brasileiros selecionados para o Programa Bayer Jovens Embaixadores Ambientais, promovido pelo Grupo Bayer e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Ele irá representar o Brasil no Encontro Internacional de Jovens Embaixadores Ambientais, em novembro, na Alemanha. Durante dez dias, eles participarão de apresentações, palestras e discussões com especialistas no assunto sobre as tecnologias usadas nos diferentes projetos. ?Certamente a rede de contatos que farei por lá dará um impulso extra ao projeto?, diz.