Santa Casa é premiada na Europa

Uma pesquisa desenvolvida pela Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, em parceria com a Universidade Humboldt, de Berlim, na Alemanha, deve beneficiar pessoas portadoras de doenças nas valvas aórtica e pulmonar, além de vítimas de cardiopatias congênitas. O trabalho acaba de receber o Prêmio C. Walton Lillehei, concedido pela Sociedade Européia de Cirurgia Cardíaca.

Segundo o médico e cientista da Santa Casa Francisco Diniz Affonso da Costa, que também é professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), a pesquisa versa sobre a implantação de valvas descelularizadas (desprovidas de células) em corações de seres humanos.

Atualmente, são realizadas cerca de 20 mil cirurgias de troca de valvas no País. A maioria dos pacientes recebe estruturas de doadores mortos, cujas células são recebidas pelo organismo como estranhas e passam a ser atacadas. “Isso faz com que a durabilidade da valva transplantada seja limitada”, explica Francisco. “Em um paciente com 60 anos de idade, ela pode durar 20 ou 25 anos. Mas em uma criança de 10, ela vai se degenerar mais rápido (pelo fato de o metabolismo ser mais acelerado), durando apenas uns 10 anos.”

A utilização de valvas descelularizadas prevê que as células sejam retiradas antes de ela ser implantada no coração do paciente. Com isso, as células do próprio corpo vão invadir e repovoar a valva, que irá se regenerar sem sofrer rejeição e, conseqüentemente, terá uma maior durabilidade. “Fizemos experiências com carneiros, que possuem organismos que atacam a valva de forma muito parecida com o organismo humano. Colocamos uma valva descelularizada em um carneiro de três meses, pesando 25 quilos, e, entre seis e doze meses depois, com o carneiro pesando entre 60 e 70 quilos, percebemos que a valva havia crescido, estava cheia de células do próprio animal e praticamente normal”, revela o médico.

Universo

Na Alemanha, cerca de 120 pacientes já receberam valvas descelularizadas. No Brasil, pela Santa Casa (única a utilizar o método), 25 pacientes já passaram pelo procedimento, todos com média de idade de 21 anos. A primeira cirurgia do tipo foi realizada há dois anos e, até agora, “os resultados têm sido muito bons”. A Santa Casa de Misericórdia de Curitiba abriga o único Banco de Homoenxertos Valvares do Brasil.

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