A Sanepar vai iniciar um levantamento geotécnico em uma área residencial em Almirante Tamandaré que está sendo interditada em função do aparecimento de crateras conhecidas como dolinas. Cinco famílias terão de deixar o local, pois o solo está cedendo com o aparecimento de enormes buracos. O problema foi evidenciado há dois anos, mas nos últimos quinze dias a situação piorou.

A região fica no Aqüífero Karst, de onde é captada água para o abastecimento de municípios da Região Metropolitana, às margens do Rio Pacotuba, que desemboca no Rio Barigüi. Os moradores tentaram encher as fendas com pedras. Só em um local foram colocados 96 metros cúbicos de pedra, mas nada adiantou. Além dos buracos, várias rachaduras foram identificadas nas casas e calçadas. O comerciante Adel Cordeiro Pinto comenta que os primeiros sinais de rachaduras apareceram em 92, mas agora elas já comprometem a estrutura das residências. A retirada das famílias do local é uma ação de emergência. Elas serão transferidas para casas alugadas pela Sanepar.

A geóloga da empresa, Kátia Cristina Nakandakare, disse que o levantamento que será feito não tem prazo para conclusão, e o trabalho vai avaliar a extensão e riscos. Segundo Kátia, existem vários fatores que podem estar contribuindo para o problema. Um deles é que o solo no local é formado por rochas calcárias, que tendem a se dissolver com a água. “A rocha dissolvida e o peso exercido pelas construções acabam provocando o afundamento”, explicou a geóloga. Aliadas a isso estão a presença o rio e a exploração de poços que formam o aqüífero. A explicação para a aceleração do processo de formação dos buracos é da variação da dinâmica da água que ocorreu devido ao período de chuvas e estiagem.

A Sanepar pretende agora fazer um mapeamento da situação na área, com as ocorrências, extensão e localização. Uma empresa deverá ser contratada para fazer a sondagem. “Não é uma pesquisa que vai apontar as causas, pois o processo acontece por uma série de fatores”, disse Kátia. A geóloga afirmou que problemas semelhantes ? mas sem o mesmo comprometimento ? já foram identificados em Almirante Tamandaré, Colombo e Campo Magro.

Direitos

Adel mora há 29 anos no local, e conta que a área de cerca de 1.200 metros quadrados foi comprada pelos pais, onde hoje moram outros membros da família. “São três grupos da mesma família, que está aqui a três gerações”, disse. Apesar dos problemas, ele não está satisfeito em ter que deixar a área, até porque não existe nenhuma garantia de indenização. “Vamos brigar pelo pagamento da indenização”, afirmou o comerciante. Kátia disse que a empresa ainda não definiu se haverá ou não indenizações, ressaltando que a prioridade agora é a retirada das famílias.

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