Um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgado ontem, mostrou que 49,44% dos brasileiros têm acesso ao saneamento básico. Executado com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (Pnad), realizado há dois anos, o trabalho indica que o acesso à rede de esgoto é significativamente menor se comparado com rede de água encanada (81,11%), eletricidade (98,18%) e coleta de lixo (86,79%).

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Enquanto em algumas capitais brasileiras, como Belo Horizonte (MG) e Salvador (BA), houve um avanço no saneamento básico, outras apresentaram estagnação e ou recuo.

De acordo com o coordenador da pesquisa e chefe do centro de políticas sociais da FGV, Marcelo Neri, Curitiba, que ficou na sétima colocação entre as capitais, com 79,37% dos domicílios apresentando esse benefício, não vem apresentando progressos nessa área. Dados da pesquisa indicam que, em 2003, 80,49% da população tinha acesso a saneamento básico e, em 2006, 78,41%.

“A capital paranaense vem mostrando um certo atraso para implantar mais rede de esgoto na cidade, dando uma certa estagnada. Não sei exatamente qual a causa disso, se é falta de investimento dos governos federal, estadual e municipal, se foi crescimento populacional ou outra coisa. Todavia, Curitiba tem potencial para melhorar essa situação”, avalia.

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O pesquisador usa Salvador como exemplo. “Em quatro anos, a capital baiana dobrou os domicílios com rede de esgoto graças a um excelente projeto”, garante.

Outro problema verificado pelo coordenador foi em relação aos gastos com tarifa de água e esgoto. O estudo apontou que Curitiba possui a segunda maior despesa do Brasil, com R$ 13,80 e, nem por isso houve uma melhora significativa na cobertura de saneamento básico. A média brasileira foi de R$ 6,80.

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Mas a maior preocupação de Neri não foi com Curitiba, e sim com a região metropolitana, que apresentou apenas 43,4% das residências com rede de esgoto.

“A diferença entre a capital e as cidades metropolitanas é muito grande. Mesmo não tendo progresso, Curitiba ainda possui um percentual relativamente alto de saneamento básico. A periferia deixou bastante a desejar e precisa urgentemente reverter esse quadro”, afirma.

Avaliação

Porém não são só más notícias. Na avaliação do atendimento de saneamento básico para a população, Curitiba foi a terceira capital melhor avaliada, com uma aprovação de 80%. Pouco mais de 95% das escolas municipais contam com rede de esgoto.

“Isso é um dado importante, pois mostra que o serviço é de qualidade. No caso das escolas, a importância em se ter saneamento é fundamental para a saúde das crianças. Além disso, estudos mostraram que pessoas que são atendidas por esse benefício possuem em média dois centímetros a mais no índice de massa corporal àquelas que não possuem saneamento”, garante.