Saibro compromete pequenos rios da RMC

Pequenos rios da região de Araucária e Contenda podem estar com seus leitos e sua mata ciliar comprometidos. E dessa vez os vilões não são o lixo e o depósito de esgoto, os principais problemas dos rios brasileiros. O problema é o saibro, que cai das estradas rurais sobre as águas. Se nenhuma providência for tomada, em alguns anos, pode até causar a seca dos rios da Gralha, Santo Antônio, Hortelã e Catanduva, entre outros.

Iolando Wojcik, presidente da organização não governamental EcoRios, que desde 1999 vem tentando ajudar na recuperação dos rios da região, explica que, como a maioria das vias rurais dos municípios é de saibro, um tipo de cascalho que se desprende fácil, esse material é levado pela água das chuvas até o leito dos rios. Isso causa o assoreamento dos córregos e acarreta na destruição da mata ciliar.

A reportagem de O Estado visitou os rios afetados por esse problema e observou verdadeiros montes de saibro acumulados na cabeceira, e até mesmo dentro desses rios. Para Iolando, duas medidas fáceis podem ser adotadas para diminuir esses danos: a utilização do próprio saibro para a construção de contenções e o desvio do curso da água da chuva para uma distância de cerca de 30 metros do rio, pois a grama e a mata nativa tratariam de fazer a "limpeza da água". "Mas em muitos casos aqui da região, não há sequer valetas para escoar a água da chuva. As patrolas que passam por aqui para a manutenção da estrada desviam a água direto para o rio. Às vezes eu chego a pensar que eles têm a intenção de acabar com esses rios", desabafa o presidente da ong que tenta impedir o assoreamento dos rios.

Outro risco é o de enchentes. O acúmulo de saibro tem entupido as manilhas que atravessam a estrada. Em alguns casos, como no Rio da Gralha, uma das manilhas está apenas com cerca de 10 centímetros desobstruídos. "Qualquer chuvinha acima do normal alaga tudo. E nossos lavradores não têm recursos para reconstruir sua propriedade", lembra Wojcik.

Falta verba

A Prefeitura de Contenda alega falta de recursos para implantar um projeto correto de recuperação dos rios, mas Iolando ressalta que, sem recurso nenhum, é possível se reduzir em 90% o despejo de saibro nos rios. "Basta orientar os operadores das patrolas, que passam freqüentemente por aqui, a fazer o desvio correto para a água das chuvas, de 30 metros antes do rio, como manda a lei".

O chefe de fiscalização da Secretaria de Meio Ambiente de Araucária, Luiz Faveiro Frisoli, reconhece o problema e garante que a Prefeitura pretende agir para evitar maiores prejuízos. "Já estamos trabalhando com máquinas para compactarmos melhor as estradas e também estamos orientando os patroleiros para criarem bacias de contenção nos caminhos das águas pluviais para os rios". Para ele, "é nosso interesse acabar logo com esse problema, afinal, além dos danos ao rio, isso também traz prejuízos para a Prefeitura, que acaba perdendo esse material".

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