Os trabalhadores sem-terra continuam monitorando as ações de fazendeiros do interior do Estado. Há quinze dias, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a ong Terra de Direitos apresentaram denúncias aos ministério públicos Federal e Estadual, contra um grupo de proprietários de terra que pretendia criar uma milícia armada chamada Primeiro Comando Rural (PCR) para evitar ocupações. O Ministério Público Federal encaminhou a investigação para a Polícia Federal (PF). Agora, segundo o coordenador da Terra de Direitos, Leandro Franklin, os fazendeiros desistiram de criar o comando, mas se organizam em milícias armadas particulares para defender suas terras.

Franklin explicou que os movimentos ligados aos trabalhadores estão fazendo um monitoramento constante das ações dos fazendeiros e encaminhando dados aos órgãos competentes. “Na penúltima edição da revista Veja há uma matéria em que vários fazendeiros contam que desistiram de fazer o PCR , mas estão intensificação a formação de grupos armados para defender suas terras. Isso já acontecia no Paraná antigamente, desde que foi instituído o conflito no campo”, contou Franklin. Ele destacou que existem três trabalhadores rurais mortos por milícias nos anos de 98 e 99 com casos ainda não solucionados. “Sétimo Garibaldi, Sebastião Camargo e Eduardo Anghinoni foram mortos na época em que a ação das milícias era muito forte. Depois disso veio uma fase onde a própria polícia era responsável por atos contra os trabalhadores. Agora estão querendo instituir novamente os grupos de pistoleiros mascarados”, reclamou.

Franklin contou que as denúncias também foram levadas à Ouvidoria Agrária Nacional, Secretaria Nacional dos Direitos Humanos e Ministério do Desenvolvimento Agrário. “Ainda nesta semana ou na próxima estes órgãos devem realizar um audiência para discutir o problema de formação de milícias, que não está acontecendo só no Paraná, como em todo Brasil”, assegurou Franklin.

Os fazendeiros estão se organizando principalmente nas cidades de Palmital, Laranjal e Mangueirinha. “Parece que a divulgação da ação dos fazendeiros fez com que ele se organizassem ainda mais”, disse Franklin.

A reportagem tentou ouvir Humberto de Sá, fazendeiro de Laranjal, que teve seu nome citado como uma dos criadores do PCR. Mas até o fechamento desta edição ele não foi encontrado.

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