Receber uma carta pelo correio pode ser considerada uma situação simples e corriqueira para muita gente. Mas não para boa parte dos moradores do bairro São Domingos, no Cajuru, em Curitiba. Algumas ruas não existem oficialmente porque a área não está regularizada. Deste modo, não têm CEP e os Correios não entregam as correspondências nas casas. Muita gente já perdeu documentos importantes.
Eva de Oliveira Silva sofre há 20 anos com o problema. A conta do telefone vem para a caixa do correio que é comunitária, mas os documentos mais importantes ela manda para a casa de amigos que moram no bairro Jardim Acrópole. “Mando para a casa deles porque sei que eles vão me entregar”, diz. Ela comenta ainda que antigamente a situação era pior, as correspondências que precisavam de assinatura precisava ir buscar no bairro Capão da Imbuía.
Márcia Pontarolo, além de perder os documentos não conseguiu transferir um telefone para a sua residência porque a empresa telefônica não reconheceu o endereço. A rua não existe oficialmente. “Já ligamos para o 156 da prefeitura e eles disseram que isto acontece porque a área não está regularizada”, disse. Outro problema que ocorreu este ano foi com o cadastro escolar que deveria mandar as crianças para as escolas mais próximas às suas residências. “Teve criança que foi parar no bairro Boa Vista e foi difícil transferir para cá”, diz Márcia.
Darico José Vaz também reclama da situação. “A gente não tem comunicação com as pessoas de fora. Mandam a carta para a caixa comunitária, mas ela é extraviada. Já chegou aviso urgente que a gente só recebeu três meses depois”, reclama. Outro problema é que a caixa vive cheia e às vezes as pessoas têm até dificuldade de acesso.
Solução é simples
Segundo o coordenador de regularização fundiária da Cohab de Curitiba, Marco Aurélio Becker, a solução do problema não é difícil. Ele comenta que até agora não foi resolvida porque a área é herança de uma família e por isso não pode ser regularizada. Mas há dois anos a Prefeitura adotou um novo procedimento que permite a implantação de um nome e do CEP nestas ruas. “Basta apenas os moradores formalizarem o pedido na Cohab. Fazemos o estudo da área e mandamos para a Secretaria de Urbanismo que codifica o local”, explica.