A Rua Lamenha Lins, uma das mais antigas e tradicionais de Curitiba, começa exatamente no centro da cidade, a partir da esquina com Rua Emiliano Perneta. De lá, ela desce por 3,8 quilômetros, cortando o bairro do Rebouças, e termina na Rua Professor Leônidas Ferreira da Costa, já no Parolin. Ao longo de sua extensão, a Lamenha, como é carinhosamente chamada pelos curitibanos, sai do centro pomposo e endinheirado para um dos locais mais pobres e miseráveis de Curitiba: a Favela do Valetão.
Em toda sua extensão, a via é testemunha de um cenário de plena desigualdade social. De acordo com o Censo Demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento médio mensal de um morador do Centro de Curitiba, onde a Lamenha Lins começa, está entre 2,0 e 2,9 salários mínimos. Já no Parolin, o ganho médio mensal não passa de 1,9 salário mínimo.
Logo na primeira quadra, entre as ruas Emiliano Perneta e Doutor Pedrosa, existem dois hotéis de alto padrão: o Blue Tree Towers e o Slaviero Suítes Aspen. No mesmo quarteirão, ainda há uma livraria e uma loja de instrumentos musicais. Seguindo mais algumas quadras à frente, é possível se deparar com prédios de luxo, restaurantes, churrascarias caras e lojas de móveis planejados. Isso tudo com a infraestrutura esportiva da Praça Oswaldo Cruz, em frente ao Shopping Curitiba.
Descendo rumo ao Rebouças, a Lamenha Lins se torna uma rua basicamente comercial, com lojas de carros, roupas, som automotivo, panificadoras, entre outros estabelecimentos. No cruzamento com a Rua Chile, a via conta com uma série de opções gastronômicas, como um McDonalds e um restaurante mexicano, além de uma locadora de DVDs e um barzinho de happy hour. Subindo até a Avenida Kennedy, há dois colégios estaduais: um homônimo à rua e a Escola Estadual Guairá.
Chegando no Parolin, a via apresenta característica residencial, com casas amplas e alguns pequenos edifícios, mas entre as ruas Acácio Corrêa e João Parolin está situada a Academia de Tênis do Clube Curitibano, frequentada pela classe média alta.
Deste ponto até o fim da via, o cenário muda completamente. Casas mais humildes e alguns barracos já podem ser vistos e nas duas últimas quadras, entre as ruas Professor Plácido e Silva e Professor Leônidas Ferreira da Costa, o que se vê de fato é uma favela. À esquerda, está o Beco do Bazani, onde os barracos construídos com pedaços de madeira e telhas de zinco formam a paisagem ao lado do valetão da Vila Guairá.
A grande maioria das pessoas que mora no fim da Rua Lamenha Lins trabalha com reciclagem e o local é completamente tomado por grandes quantidades de papelão e todos os tipos de materiais que podem ser reaproveitados. Carrinhos dos catadores se espalham pelo lugar, em meio a cachorros e muito lixo. Assim termina a Lamenha Lins. Do luxo ao lixo em menos de quatro quilômetros.