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O governador Roberto Requião e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosseto, participaram ontem da Festa da Vitória, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra em razão da compra pelo governo federal da área da Fazenda Sete Mil, atual Corumbataí, latifúndio ocupado desde 8 de abril de 1997, após o Incra considerar a terra improdutiva. O assentamento está localizado no município de Jardim Alegre, no Norte do Paraná.

"É um momento especial para o Paraná e para o Brasil", disse o governador. "Agricultores que sabem quando e como plantar têm a oportunidade de trabalhar a terra. Para a região, é muito bom porque esta fazenda estava parada, com apenas alguns empregados há sete anos, e agora tem produtores e consumidores, gente integrada com o processo de comércio e de desenvolvimento da região."

A Fazenda Corumbataí tem 14 mil hectares e foi ocupada por 800 famílias. A área é hoje um pólo de desenvolvimento e influencia a economia de vários município. É responsável pela colheita e comercialização, na última safra, de 510 mil sacas de milho, 250 mil sacas de feijão e 80 mil arrobas de algodão. Os trabalhadores instalados na fazenda contam com 160 tratores equipados, 29 caminhões e 9 colheitadeiras, além dos equipamentos de tração animal.

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O governador salientou que o governo do Estado está preparado para auxiliar não só os sem terra, mas todos os agricultores com programas como a Irrigação Noturna e Fundo de Aval, "porque somos um Estado agroindustrial e o governo está voltado principalmente para o pequeno e médio produtor", afirmou. Anunciou também que a Secretaria da Agricultura começará a distribuir 50 mil sementes para trabalhadores sem terra e que o Assentamento 8 de Abril contará com escola permanente e melhorias na estrada de acesso.

Fim de tensão

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O ministro Miguel Rosseto também destacou a importância do assentamento. "É um passo importante para a garantia do trabalho destas centenas de famílias. A compra da propriedade supera uma situação de tensão e cria um ambiente de paz para o trabalho. Estamos trabalhando muito neste ano e assim construiremos um País melhor, graças também à excelente parceria com o governo do Estado", afirmou.

Para o presidente do Incra, Rolf Hackbart, o local "é um assentamento modelo e que mostra ao País que a reforma agrária é o caminho para acabar com a violência e as desigualdades sociais". Um dos coordenadores nacionais do MST, Roberto Baggio, acrescentou: "Nós agradecemos o apoio do governo do Estado e sua luta, não só a favor da reforma agrária mas contra aqueles que querem transformar o País num grande latifúndio, com apenas uma cultura de sementes transgênicas".

O agricultor João Orzikoski está na fazenda desde a sua ocupação em 1997. Ele testemunhou as ameaças de pistoleiros e toda pressão para que as famílias deixassem a propriedade. "Hoje nós temos a segurança para um projeto permanente. A compra da propriedade vai facilitar o processo de crédito, aumentar a produtividade e beneficiar o comércio da região, que já nos reconhece como fregueses", ressaltou.

De acordo com representantes do MST, a organização e o investimento para aumento da produtividade e culturas no assentamento não tiveram recursos públicos. A maioria das famílias vive em casas com energia elétrica e água encanada. Na área educacional, a fazenda tem 358 educandos no ensino fundamental, 180 educandos no ensino médio, e 11 turmas de Educação de Jovens e Adultos com 29 educadores.