Para resgatar a história e comemorar os 50 anos da Revolta dos Colonos do Sudoeste do Paraná, acontece hoje a 22.ª Romaria da Terra, que deve reunir 25 mil pessoas no município de Francisco Beltrão. Neste ano, o evento religioso pretende refletir sobre a mobilização social do campo, com o lema ?Na luta da terra fazemos mudança, conosco caminha o Deus da Aliança?.
A festa começa cedo, com café da manhã na Diocese de Francisco Beltrão. Encenações, cantos, orações e apresentações seguem na programação. Resgatar os resultados da luta dos colonos é o objetivo do encontro na parte da tarde. Durante a celebração, colonos prestarão depoimentos sobre a luta aos romeiros.
A Revolta dos Colonos, em 1957, ficou marcada pelo movimento popular de cerca de 5 mil colonos que eram contrários à ocupação de grandes empresas na região, em detrimento do direito de posse das terras ocupadas historicamente por caboclos e imigrantes de origem européia (na maioria vindos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina). A revolta garantiu a vitória e a posse da terra aos pequenos proprietários.
Enfrentar jagunços e pistoleiros foi a árdua tarefa assumida pelo agricultor Pascoal Augusto Pirin em 1957, na época com 25 anos. Hoje, um de seus seis filhos, Luís Pirin, tem a honra de ajudar a preparar a romaria em Francisco Beltrão, cidade em que mora. ?Provavelmente não estaria aqui hoje se não fosse por meu pai e meu avô, que participaram da revolta. O levante trouxe um desenvolvimento social e cultural importante para cá?.
Reflexos da revolta estão presentes até hoje nos moradores da região. A idéia é que, mesmo com outros rostos, a ameaça continua e a forma de combatê-la é por meio da organização social. ?Atualmente uma das grandes lutas é em defesa das sementes crioulas e da agroecologia, tipo de produção independente que se recusa a comprar fertilizantes e sementes de grandes empresas, com produção de alimento saudável, que agrida o menos possível o meio ambiente?, analisa Jelson Oliveira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT).