Romaria deve reunir 15 mil no Noroeste do Estado

Pelo menos 15 mil pessoas são esperadas amanhã, no município de Querência do Norte, na região noroeste do Estado, para a 23.ª Romaria da Terra. Organizada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), o evento deste ano terá como tema a impunidade no campo.

A idéia é lembrar de casos de violência contra trabalhadores e líderes de movimentos, além de denunciar o que a entidade considera como parcialidade do Poder Judiciário no julgamento desses crimes.

“O evento tem aspecto de denúncia, mas também é um anúncio de perspectivas melhores”, ressaltou dom Ladislau Biernaski, bispo de São José dos Pinhais e representante episcopal da CPT.

Os romeiros deverão partir de várias regiões do Estado, principalmente do sudoeste e do norte. Mas nem viagens longas de mais de oito horas devem desanimar os manifestantes. Pelo menos 15 ônibus devem partir, hoje à noite, de Curitiba.

A escolha de Querência do Norte reflete a proposta da romaria. “Ao mesmo tempo em que é uma terra manchada de sangue, palco talvez mais gritante da violência no campo no Paraná, é um local em que a presença de assentamentos viabilizou o desenvolvimento do município”, explicou o agente da CPT-PR, Jelson Oliveira.

Para dom Ladislau, o fato de a população do local ter crescido, enquanto em outras cidades próximas o número de habitantes diminuiu, ajuda a comprovar os benefícios trazidos pelos assentamentos.

A CPT ainda deve lembrar no evento números da violência e da impunidade no campo. Segundo a Pastoral, desde 1985, só no Paraná, 51 trabalhadores rurais foram mortos e 586 foram feridos. Ainda houve 22 seqüestros e 109 casos de tortura, entre outras ocorrências. “Nenhum executor ou mandante desses crimes foi condenado”, lembrou Oliveira.

Para o agente, um dos maiores problemas no Estado é a ação de milícias armadas. “E o Judiciário, que de certa forma autoriza a ação desses grupos paramilitares. A impunidade é a mãe da violência no campo”, completou. Durante a Romaria, também será lembrado o assassinato do líder sem terra Diniz Bento da Silva, o Teixeirinha, em março de 1993.

“Nesses 15 anos, nada foi feito”, acusou Oliveira. Os participantes também devem protestar pela reforma agrária, cuja paralisia, de acordo com a Pastoral, é uma das causas da violência no campo. O evento deve começar às 7h e seguir durante todo o dia.

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