Rodoviária de Ponta Grossa opera precariamente

Quem imaginou que a novela da estação rodoviária de Ponta Grossa tivesse chegado ao fim agora assiste a capítulos muito mais dramáticos. Depois de mais de trinta anos de abandono, em agosto o local começou a ser demolido para dar lugar a um novo terminal. Porém, a empresa que ganhou a licitação para executar a obra desistiu da empreitada, e os funcionários e usuários estão sofrendo com falta de estrutura. A rodoviária ficou sem banheiros, guarda-volume e lanchonetes. Para agravar a crise, a taxa de embarque será reajustada no dia primeiro de janeiro em 3,14%, passando de R$ 1,30 para R$ 1,34.

A estimativa é de que as obras sejam retomadas somente em fevereiro, depois de uma nova licitação. Erguida na década de 1970, a rodoviária de Ponta Grossa foi repassada através de concessão, por 50 anos, para a extinta Pina Imóveis, empresa que executou a obra na época. Com o passar os anos, a Pina foi repassando o local para subconcessionários e a manutenção e os investimentos não ocorreram. Neste ano, a Prefeitura de Ponta Grossa conseguiu autorização para retomar o local. Gastou perto de R$ 1,2 milhão para indenizar cerca de 40 subconcessionários – três ainda brigam na Justiça por não concordarem com os valores -, e outros R$ 270 mil para contratar uma empresa para demolir parte do prédio – onde ficavam as plataformas de embarque e desembarque, e vendas de passagens. Em seguida, abriu licitação para a construção de um novo terminal rodoviário.

O secretário de Planejamento de Ponta Grossa, José Ribamar Krüger, lembra que 18 empresas compraram o edital da concorrência, porém só oito apresentaram propostas. Apenas duas, porém, foram classificadas. O valor inicial da obra caiu de R$ 4,5 milhões – grande parte dos recursos financiados pelo programa Paraná Urbano, do governo do Estado – para R$ 3,8 milhões, sendo declarada vencedora a empreiteira Braaden, da Lapa, que teria oito meses para concluir o projeto. Porém, na hora de assinar o contrato, os diretores da Braadem alegaram ?dificuldades operacionais? e desistiram. Segundo Krüger, foi chamada então a empresa Just Construção Civil Limitada, de Maringá, classificada em segundo lugar, que também desistiu, alegando que não poderia arcar com a diferença de valores das propostas.

Diante desse embrólio, a Prefeitura abrirá no dia 22 de janeiro uma nova licitação, que agora será elevada para R$ 5,5 milhões. O secretário de Planejamento argumenta que essa diferença é devido a inclusão no projeto de novos serviços, como pavimentação, paisagismo, terminal de encomendas e casa dos taxistas. ?Esses projetos ficaram de fora do primeiro edital, mas agora resolvemos incluir. Com isso, quem ganhar terá um prazo de 210 dias para entregar a obra, que será em meados de setembro?, falou. Segundo Krüger, essa é uma das obras mais importantes da cidade, já que o local acumulava reclamações pelas péssimas condições físicas e estruturais.

Funcionários do terminal se sentem ?abandonados?

Apesar da promessa de melhoria na rodoviária, quem trabalha e utiliza o espaço está indignado com a situação. A atendente de vendas Simone Ferreira de Lima falou que desde agosto o local se transformou em um caos. ?Aqui só sobram baratas e goteiras, porque não tem bancos, banheiros, guarda-volume e nem local para os passageiros embarcarem e desembarcarem?, descreveu. Para piorar, a região foi tomada por ambulantes, que tentam ganhar um dinheiro extra e atender a falta de lanchonetes. ?E eles ainda vão subir a taxa de embarque de um prédio que não existe?, reclamou.

O gerente de uma empresa que opera com 20 linhas na rodoviária, Jusuel Amaral, conta que nesta época do ano o movimento no local dobra, e só o que eles escutam são reclamações dos passageiros. ?Eles demoliram parte do prédio e agora está tudo parado. Todos nós estamos sofrendo?, disse. Segundo a agenciadora Solange Filipaki, muitos passageiros chegam durante o dia na rodoviária para embarcar somente à noite. Como não tem guarda-volumes, são obrigados a permanecer no local. ?A gente tem percebido até redução na venda de passagens, pois muitos ligam para saber das condições do local e desistem?, revelou.

O secretário de Planejamento, José Ribamar Krüger, disse que as reclamações são normais, e que isso é apenas uma fase. ?Sei que todos estão passando por transtornos, mas isso será necessário para darmos melhores condições ao local?, afirmou.

Sobre o reajuste na taxa de embarque, o secretário informou que se trata de uma contribuição obrigatória da Prefeitura, e que caso não seja aplicada o prefeito poderá ser responsabilizado por renúncia de receita. ?É uma lei que somos obrigados a repassar?, disse. Os valores da taxa de embarque vão para o Fundo de Manutenção da Rodoviária que, segundo Krüger, sempre foram administrados pela Prefeitura, e que a partir de janeiro passarão para o Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte, um órgão criado no município para administrar a rodoviária e os terminais de transporte coletivos.

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