A dificuldade em encarar a morte é o que faz do luto uma experiência tão assustadora. Para a sociedade moderna, o fim da vida passou a ser tratado como tabu. Até os rituais que compreendem a morte passaram a ser mais simplificados, o que deixa o processo de aceitação da finitude da existência mais dolorosa.
O luto, antes era tratado como questão social, ou seja, a pessoa mostrava sua dor para toda a sociedade que, em contrapartida, mostrava sua solidariedade à pessoa que estava sofrendo. Segundo a socióloga Marisete Hoffmann Horoschoski, essa exposição ajudava no processo de aceitação da perda. “Hoje essas práticas caíram em desuso. Ninguém mais se veste de preto”, comenta Marisete.
Perda
As práticas rituais também foram simplificadas e hoje muitas delas passaram a ser realizadas por empresas especializadas. “A missa de corpo presente, por exemplo, deixou de ser praticada”, relata a socióloga. O velar o corpo e o funeral são rituais que permitem elaborar a perda, despedir-se da pessoa e com isso minimizar a dor.
Para Marisete, ao deixar de lado as práticas ritualísticas e de passagem a forma de lidar com a dor da perda passaram a ser individualizada. “Antes ela dividia com a sociedade toda a sua dor, a agora passou a sofrer sozinha”, comenta. Esses processos eram importantes para amenizar os sintomas do luto, e claro, lidar com a perda de um ente querido.
