Risco de incêndio, rotina em ocupação

Uma volta pelo Jardim União, no Uberaba, é suficiente para concluir que Curitiba está longe de ser a capital ecológica. Os “rabichos” e esgotos a céu aberto espalhados pelas ruelas da ocupação retratam a desigualdade social. Além disso, as gambiarras feitas para assegurar luz e banho quente significam risco constante de incêndio. Na última segunda-feira, um curto circuito provocou um incêndio em uma das casas da vila. Apesar disso, segundo o presidente da Associação dos Moradores do Jardim União, Altair Góis, nenhuma providência é tomada pelas autoridades.

Desde que surgiu a ocupação, há 4 anos, o risco existe. Segundo Altair, a associação já fez reunião com a regional Cajuru e com um representante da Copel – Companhia de Energia do Paraná. “Eles alegam que a gente está furtando energia. Mas nós só estamos utilizando a única forma de ter luz e banho quente para nossos filhos”, alega. A expectativa dos moradores se concentra num pedido de extinção do processo de retomada da área feito pelos proprietários da região. “Se nosso advogado conseguir isso, a área fica liberada para implantar infra-estrutura”. Por enquanto, ele diz que as empresas responsáveis pela liberação de luz e água nas casas não podem fazer nada porque estão proibidas pela justiça. O consultor fiscal da Associação, João Toasi, diz que devido às ligações clandestinas muitas vezes até os moradores da Vila Audi ficam sem luz. “Nós já tentamos resolver o problema, mas até agora nada”. Para o proprietário do Mercado e Açougue Dias, Francisco Dias da Silva, muitos políticos só se aproveitam da situação, fazendo promessas e nunca cumprem. “Eu espero que algum dia alguém olhe por nós”, lamenta. Muitas vezes os moradores chegam a ficar quase uma semana sem luz. O comerciante Francisco conta que já teve vários prejuízos. “Quando falta luz eu tenho que correr levar os alimentos para o mercado do meu irmão, que fica no União II”, relata. “Eu já vi até criança ficar grudada nos fios de luz”.

CB recomenda não improvisar

O Corpo de Bombeiro alerta que, apesar da necessidade, todo o “rabicho” é ilegal, pois produz uma sobrecarga que pode causar incêndios devido ao aquecimento da rede. Segundo o primeiro tenente relações pública do CB, Renê Ferreira Muchelin, os chamados “gatos” são mais comuns nas áreas periféricas de Curitiba, principalmente nos cinturões de pobreza. “É grande o número de acidentes e incêndios provocados por gambiarras e autoconsertos feitos pelos moradores. A recomendação é tomar o máximo de cuidado com energia elétrica e nunca improvisar, como trocar fusíveis por artefatos como pedaços de metal, ou fixar o fio com prego direto em postes de madeira”, orienta. A tomada direta de energia dos postes para a residências, além de fugir às normas de segurança, coloca em risco a vida das pessoas e leva à perda do patrimônio, lembra.

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