Richa reabre negociações com servidores municipais

Um abraço simbólico ao prédio da Prefeitura Municipal de Curitiba, pontuado pela declamação do poema Pátria Minha, de Vinícius de Moraes, marcou a reabertura das negociações dos servidores municipais com a equipe do prefeito Beto Richa. A classe repudiou a proposta de reajuste salarial de 5,9% dividido em duas vezes, com pagamentos em julho e dezembro, e aguarda uma nova proposta para a próxima quinta-feira.

O servidores querem um aumento de 29,8%, referentes às perdas salariais acumuladas desde 1993 e consideraram a proposta inicial indecente, já que não cobre sequer a redução salarial ocasionada pelo aumento da alíquota de contribuição com o Instituto de Previdência Municipal de Curitiba (IPMC), que passou de 5% para 11% no mês passado. "Esse aumento proposto, além de inconstitucional por ser parcelado, não cobre sequer a diferença do desconto da aposentadoria, que acabou por reduzir os nossos salários", dispara Gerson Santos Costa, funcionário da Secretaria Municipal do Meio Ambiente.

O anúncio da reabertura das negociações não impediu que os servidores decretassem estado de greve, após uma votação pública feita em frente à Prefeitura. Dessa forma, eles voltam ao trabalho com fitas pretas nos pulsos e adesivos com palavras de ordens, em sinal do protesto. Se no dia 19 não houver um acordo, é muito provável que os servidores entrem em greve. "Vamos continuar mobilizados, pois foi graças a essa mobilização que obtivemos essa conquista", diz Marilene Silva, presidente do Sindicato dos Servidores do Município de Curitiba (Sismuc).

Ao lado do Sindicato dos Servidores do Magistério de Curitiba (Sismmac), o Sismuc representou a classe dos servidores na reunião com os secretários municipais Luiz Sebastiani (Finanças), Maurício Ferrante (Governo) e Arnaldo Bertone (Recursos Humanos), que aconteceu após a manifestação da manhã. Durante a reunião, no começo da tarde, servidores de todos os setores – a maioria era da educação – se concentraram em frente à sede da Prefeitura para protestar, sob o slogan "Sou servidor… Não desisto nunca". Alguns manifestantes fizeram panelaço e outros apitavam, enquanto os líderes da manifestação promoviam concursos curiosos, como o que deu ao dono do menor contracheque – de R$ 107,12 – uma banana de prêmio. Terminada a reunião, a comissão dos servidores subiu no carro de som e comunicou a reabertura das negociações, recebendo a ovação dos servidores.

Prefeitura

O economista e técnico do Dieese, Cid Cordeiro, se integrou à equipe da Prefeitura que avalia as reivindicações dos sindicatos dos servidores. A intenção é fazer uma nova análise da situação para que se chegue a um acordo, ao menos em relação ao prazo de pagamento.

"A postura da Prefeitura tem sido a de conduzir a negociação com base nas possibilidades de atendimento às reivindicações", explicou o secretário de Governo Maurício Ferrante.

Conforme informações da Prefeitura, o reajuste proposto aos trabalhadores repõe integralmente a inflação dos últimos meses medida pelo INPC. Da forma como está, representa um acréscimo anual de R$ 21 milhões na folha de pagamento. A despesa com pessoal passa de R$ 665,7 milhões para R$ 686,7 milhões ao ano.

Pressão com faixas, apitos e um caminhão de som

Cintia Végas

Com apitos, faixas e caminhão de som, servidores públicos municipais de Curitiba realizaram, durante a manhã de ontem, uma manifestação com o objetivo de pressionar a prefeitura a conceder-lhes reajuste salarial. Eles começaram a se concentrar às 9h, na Praça Santos Andrade. Às 10h, saíram em passeata até a sede da prefeitura, no Centro Cívico.

Os servidores reivindicaram reajuste salarial imediato de 5,9%, retroativo a 31 de março (data-base da categoria) e o estabelecimento de uma política para reposição de outros 20,9%, que representam perdas acumuladas nos últimos nove anos. "Estamos ganhando salário de fome", disse a auxiliar de enfermagem Inez Terezinha Machado.

O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc) também pediu mudanças no sistema de alimentação. Os servidores querem que as marmitas fornecidas sejam substituídas por tíquete-refeição ou que o valor de compra das mesmas seja fornecido em espécie no contracheque. "A marmita é muito ruim e quase ninguém come. A maioria dos servidores tem preparado a própria refeição e levado para o local de trabalho", afirmou a auxiliar de consultório odontológico, Ana Rosa Nascimento e Silva.

A capital tem cerca de 27 mil servidores municipais, entre ativos e aposentados. A estimativa é de que ontem, em função do protesto, apenas 40% dos ativos compareceram ao trabalho, atendendo serviços essenciais nas áreas de saúde, educação, entre outros.

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