Trinta famílias que vivem há quase dez anos irregularmente em um terreno da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), em São José dos Pinhais, precisam deixar o local. A empresa enviou cartas de notificação no dia 30 de dezembro (com data de 17 de novembro), estipulando prazo até 30 de janeiro para a desocupação.
Segundo os moradores, a RFFSA não fez qualquer tipo de contato antes do comunicado. Eles afirmam que a única conversa aconteceu em uma audiência há seis anos, na qual nada de concreto foi estipulado. ?Nós estamos desesperados porque não temos para onde ir?, desabafa a dona de casa Márcia Messias Lacerda Vargas, que mora com o marido e os quatro filhos. Ela e os outros moradores insistem em dizer que estão no local por necessidade. Comentam que não têm dinheiro para pagar aluguel. ?Meu marido trabalha de manhã para termos o que comer à noite?, exemplifica Márcia.
Os moradores pretendem ficar no terreno e esperar o que acontece. ?O oficial de justiça veio entregar a carta e disse que, se a gente não sair daqui, no dia 30 a polícia vem para nos tirar à força?, conta a moradora.
O grupo tentou pedir ajuda à Prefeitura, mas não conseguiu nada, pois o terreno é propriedade de uma empresa federal. ?Eles orientaram para nos cadastrarmos na Cohab, mas até sermos sorteados, onde vamos morar??, questiona Márcia. ?Eles também falaram que ajudam a transportar as coisas, mas não adianta, se a gente não tem para onde ir?, ressalta outra moradora, Maria Aparecida de Jesus.
Os moradores estão dispostos a negociar. ?Não queremos o terreno de graça. Se eles lotearem a área, com certeza nós podemos pagar uma mensalidade pequena, de até R$100?, conta Márcia. ?Nem que demore 60 anos para pagar.?
O grupo ressalta que eles não estão brigando por esse terreno em específico. ?A gente aceita ir para qualquer lugar, desde que seja um bairro digno para famílias e no esquema de loteamento?, revela. Os moradores pedem que o prazo para a desocupação seja adiado, com o intuito de obter mais tempo para negociar com a RFFSA.
Rede Ferroviária
A reportagem de O Estado tentou contato com a empresa, mas foi informada que ninguém estaria disponível ontem para dar maiores esclarecimentos sobre o assunto. A informação prestada é que o responsável da RFFSA esteve em reunião durante todo o dia, e somente na segunda-feira poderá atender a reportagem.