Vereadores de Apucarana (365 km de Curitiba) aprovaram nesta semana, em primeira discussão, projeto de lei que determina que o pai-nosso seja rezado diariamente, antes do início das aulas, em todas as escolas do município.

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Todos os 11 vereadores da cidade, que tem 120 mil habitantes, foram favoráveis ao projeto, que volta a ser votado na próxima segunda-feira. Se for aprovado novamente, segue para a sanção ou veto do prefeito.

O autor do projeto, José Airton Araújo (PR), que é membro da igreja Assembleia de Deus, afirma que a obrigatoriedade da oração pode ajudar a diminuir casos de indisciplina e de desrespeito de alunos a professores.

Questionado sobre o fato de a Constituição Federal dizer que o Estado brasileiro é laico, Araújo responde que não há nada melhor para ensinar do que rezar.

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“O Estado é laico, mas o cristianismo prevalece entre a maioria da população. Além disso, o aluno que não quiser participar da oração não será obrigado”, argumenta. O projeto de lei não prevê punições a instituições de ensino que não instituírem a oração.

Se depender da chefe do Núcleo Regional de Educação de Apucarana, Maria Onide Sardinha, a lei municipal não será cumprida em caso de ser aprovada.

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Para ela, é mais importante seguir o que determina o currículo pedagógico do Paraná, a Constituição Federal e a lei de diretrizes e bases da educação brasileira.

“Temos a disciplina de ensino religioso, que tem o sagrado como objeto de estudo, mas não faz uma catequese de qualquer religião”, afirma Maria Onide. “Entendemos que a presença cristã é forte em Apucarana e algumas escolas já reservam momentos para orações. Mas não podemos impor nada.”

Segundo ela, há 58.576 estudantes matriculados em escolas públicas e particulares da cidade.

Inconstitucionalidade

Monge em Apucarana e presidente do Colegiado Budista Brasileiro, Wagner Bronzeri destaca que seria contra uma lei desse tipo mesmo que ela instituísse orações budistas.

“É um absurdo, fere a Constituição. Temos uma diversidade religiosa no município”, diz o monge, que ainda destacou a presença do budismo na cidade. “O budismo é seguido por 180 ramos familiares. Filhos de budistas podem se sentir constrangidos no momento de rezar o pai-nosso e até ser discriminados se não rezarem.”

O presidente da Atea (Associação Brasileira de Ateu e Agnósticos), Daniel Sottomaior, promete enviar uma representação ao Ministério Público do Paraná caso a lei seja aprovada e sancionada.

Em abril, lei semelhante foi suspensa pela justiça baiana em Ilhéus (413 km de Salvador). A decisão da Justiça ocorreu após o Ministério Público entrar com ação contra a lei, sob o argumento de que ela é inconstitucional.

De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura de Apucarana, o prefeito João Carlos de Oliveira (PMDB) estaria em Curitiba participando de convenções partidárias e ainda não teria uma posição oficial a respeito do projeto de lei.