Hoje faz 73 anos que a Revolução Constitucionalista foi deflagrada em São Paulo. O movimento que cobrava a implantação de uma constituição no País, que estava sob as mãos de ferro de Getúlio Vargas, contou apenas com o Estado de Minais Gerais e de militares da cidade de Castro, na região dos Campos Gerais, no Paraná. Em princípio, os soldados marcharam para São Paulo para lutar ao lado das tropas federais, mas no meio do caminho, o esquadrão de cavalaria liderado pelo tenente Carlos Almeida Assumpção resolveu juntar-se aos paulistas.
Em 1930 uma revolução derrubou o governo dos latifundiários de Minas Gerais e de São Paulo, levando ao poder Getúlio Vargas. Ele assumiu a presidência do Brasil em caráter provisório, mas tinha amplos poderes. Entre as suas primeiras medidas, nomeou interventores para todos os estados. A atitude não agradou a elite paulista, que se viu governada por uma pessoa considerada de ?fora?.
Além disso, Vargas reconheceu oficialmente os sindicatos dos operários, legalizou o partido comunista e apoiou um aumento de salário para os trabalhadores. Foi a gota d?água para os paulistas. Para piorar, uma greve mobilizou 200 mil pessoas no estado. Empresários e latifundiários se uniram contra o governo.
Os paulistas acabaram conseguindo apoio dos militares de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Mas somente Mato Grosso manteve-se leal. Os militares do 5.º Regimento de Cavalaria Divisionária de Castro estavam viajando para ajudar as tropas federais, mas o tenente Assumpção resolveu aderir a causa dos paulistas no meio do caminho por considerá-la justa. Eles desembarcaram na Estação da Barra Funda, na capital, e foram recebidos pelo povo com aplausos e pétalas de flores. A população pensava que o apoio vinha de todos os militares do Paraná.
Os castrenses combateram as forças federais ao norte do Estado de São Paulo nas cidades de Tunel, Lorena e Queluz, que ficam depois de Aparecida do Norte. A missão deles era evitar que tropas federais avançassem, muitos paranaenses perderam a vida nas batalhas.
O confronto durou três meses e as tropas federais, mais numerosas, saíram vitoriosas. As estatísticas oficiais apontam 830 mortos em todo o conflito, mas estima-se que centenas de pessoas a mais perderam a vida. Este foi o maior confronto militar que ocorreu no Brasil no século XX. Quando terminou, muitos paulistas, mato-grossenses e castrenses foram presos e deportados. No entanto, dois anos após a derrota, uma assembléia eleita pelo povo promulga a Constituição. Ismael Macedo, natural da cidade de Castro, não quer deixar esquecido no tempo a participação dos paranaenses no conflito. ?O sangue paranaense foi derramado para conquistar a constituição?, afirma Ismael.