A abertura da garrafa encontrada na semana passada sob a estátua de Tiradentes gerou novo mistério. Na manhã de ontem, o recipiente foi aberto e o conteúdo revelou a mudança de lugar do monumento e a existência de uma segunda garrafa, uma espécie de cápsula do tempo, que está na base de onde a escultura foi retirada. “Um mistério acabou revelando outro mistério. E isso é muito bacana, pois aguça a curiosidade de todos”, conta Maurício Appel, coordenador do Instituto João Turin. Além do documento, dentro da garrafa também estava uma moeda de 100 réis.

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A garrafa foi aberta no ateliê do Instituto João Turim, em Almirante Tamandaré. O processo foi conduzido por Appel e membros da Fundação Cultural de Cultural de Curitiba e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Foi usado um saca-rolha para retirar a cortiça que fechava a garrafa. Depois, uma pinça especial foi para pegar o documento. Devido à dificuldade, os responsáveis preferiram quebrar a garrafa para ter acesso à carta. O documento foi umedecido a vapor, para facilitar a abertura, e lido em voz alta.

Gerson Klaina
Mauro: preservação.

Revelação

A carta, assinada pelo escultor da obra, João Turin, e outras autoridades da época, explica que a estátua de Tiradentes, que dá nome à praça, foi removida de lugar em 1932. Segundo o texto, o monumento, inaugurado em 1927 em meio às comemorações do cinquentenário da imigração italiana no Paraná, foi recolocado a 35 metros da posição original na direção oeste. De acordo com a carta, dentro de outro recipiente estão a primeira página do jornal “O Dia”, de 21 de abril de 1927, e algumas moedas da época.

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A carta e os restos da garrafa ficarão sob responsabilidade da Fundação Cultural, mas os itens devem compor o acervo de Turin. “Como o conteúdo da carta não era de cunho pessoal, acredito que vamos expor esse material de alguma maneira, juntamente com as outras obras do artista”, explica Appel.

Restauração em 60 dias

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Sobre a nova garrafa, cuja retirada já foi autorizada pelo prefeito Gustavo Fruet, o diretor de patrimônio da Fundação Cultural de Curitiba, Mauro Tietz, afirma que qualquer procedimento deve levar em conta a preservação do patrimônio histórico do município. “Nesse primeiro momento reforçamos a segurança no local para evitar depredações e tentativas de retirada por curiosos e, em seguida, vamos pensar no que fazer”, declara.

A estátua de Tiradentes segue em processo de restauração no Ateliê João Turin. De acordo com os responsáveis pela restauração, o monumento retornará à praça em cerca de 60 dias. Também estão em processo de recuperação a peça Luar do Sertão (onça rugindo colocada na rotatória ao lado da prefeitura) e a escultura da águia, na Praça Santos Andrade.

Eduardo Santana