Muita confusão ontem, na retirada dos ambulantes que trabalham na rua ao lado do Terminal do Alto Maracanã, em Colombo. Segundo o secretário de Administração, José Vicente de Lima, os trabalhadores precisam ser retirados do local devido às obras de reestruturação do prédio e de reformulação da via. No entanto, os ambulantes reclamam que a administração municipal quer transferí-los para um lugar sem movimento, e restringir a atividade a três dias por semana. Além disso, vão ter que esperar até fevereiro para voltar a trabalhar.
De acordo com o secretário, foram feitas várias reuniões com os camelôs e eles sabiam que o prazo para a saída do local era 31 de dezembro. No entanto, até ontem, todos estavam resistindo e trabalhavam normalmente na rua. Ao meio dia, a Prefeitura enviou caminhões, carros e um trator para fazer a transferência das barracas. O clima era de indignação. Alguns ambulantes chegaram a ensaiar colocar fogo em uma barraca, mas desistiram da idéia pela presença da Polícia Militar.
Rosimeri Salles, de 35 anos, vende brinquedos há três anos na rua e estava revoltada com a situação. ?Nem sabemos para onde vão levar as barracas. Queremos trabalhar?, disse. Ela também reclamou que a Prefeitura quer restringir a atividade, mas, com isso, o dinheiro não daria para pagar a casa alugada e para sustentar os dois filhos. Flávio Oliveira, de 37 anos, vende produtos variados e estava preocupado com o movimento do lugar onde a Prefeitura quer instalá-los. ?Lá não passa ninguém?, reclamou.
Eliane Aparecida Rodrigues, de 29 anos, também não escondia a insatisfação. Segundo ela, que vende lanches, a Prefeitura quer somente a comercialização de cachorro-quente durante a noite. ?Não temos dinheiro para comprar um carrinho e como vou trabalhar sozinha à noite??, questiona.
Já a ambulante Zemil Dias de Souza, de 26 anos, estava concordando em sair do lugar. ?Vou sair numa boa, mas quero ver se eles vão cumprir com a promessa, e dar lugar para a gente trabalhar?, disse.
Segundo o secretário José Vicente, os ambulantes serão transferidos para três regiões da cidade: os terminais Guaraituba e Roça Grande, e para um shopping no Alto Maracanã mesmo. Mas eles vão ficar de braços cruzados até o mês de fevereiro, quando as três obras forem inauguradas. ?Eles vão escolher um dos pontos para trabalhar. Até lá vão ter que esperar. As obras do Alto Maracanã já foram licitadas e precisam começar?, justificou.
Segundo o secretário, a Prefeitura fez a proposta de três dias por semana de feira, mas afirma que ela pode ser ampliada posteriormente. Com relação ao movimento, disse que ali os ambulantes perderiam boa parte da clientela. O transporte de passageiros, que hoje passa de 40 mil, vai cair 60% devido a construção dos outros dois terminais.
