Opiniões divididas

Restinga gera polêmica em Pontal do Paraná

A restinga, vegetação típica encontrada nas praias, está gerando protestos por parte da população e de veranistas de Pontal do Paraná, litoral do Estado. O motivo é que não há manutenção nesses locais e a vegetação está grande.

Além disso, há a reclamação de que pessoas estão jogando lixo no lugar e que, durante a noite, o local estaria servindo de abrigo para consumidores de droga. Morador da localidade há 12 anos, o comerciante Odalbor Ferreira Alves diz que ninguém deseja que a vegetação seja simplesmente retirada ao longo dos 23 quilômetros de orla.

“Acho importante conservar a restinga, uma vez que é uma vegetação típica dessa área. Só questiono o fato de que não pode ser feito um roçado nesse espaço a fim de dar um aspecto visual mais interessante. Acredito que se retirassem o excesso, tornaria a nossa praia mais atraente e, consequentemente, mais turistas viriam. Acho ainda que dá para combinar perfeitamente a natureza com a modernidade. Todos sairiam ganhando com isso”, afirma.

O motorista Nivaldo Evaristo dos Santos, de Curitiba, acha que a cidade está com uma boa infraestrutura e que se fizessem uma limpeza na área de restinga, a cidade ficaria melhor.

“Bastaria retirar parte desse mato para que o espaço ganhasse um contorno mais limpo. Do jeito que está, o lugar vai se tornando um depósito de lixo e espaço para desocupados”, avalia.

A servidora pública de Curitiba, Maria Scarabelop Kobylarz, diz que em alguns pontos ao longo da orla, há espaços em que a iniciativa popular tratou de realizar um roçado.

“O trabalho feito por algumas pessoas deixou o local bem interessante. Eu concordo que não devemos simplesmente destruir essa vegetação. Basta ver que no nordeste do Brasil há muito verde junto às praias, o que torna o lugar lindo. Mas uma manutenção do espaço seria bom”, comenta.

A vendedora curitibana Raquel Cristiane Cervinski, que visita o município pela primeira vez, avalia que ao deixar o visual da vegetação mais limpo, poderia ser um atrativo a mais para os turistas. “A praia é limpa, mas o excesso desse matagal deixa um visual ruim. Se as autoridades querem que o veranista volte, seria legal se ajeitassem isso”, diz.

Prefeito coloca a culpa no IAP

Enquanto a população reclama, o governo municipal, por meio de seu prefeito, Rudisney Gimenes (PMDB), revela que já tentou fazer com que houvesse uma manutenção regular no local, mas foi proibido de fazer pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP).

“Já tentamos deixar essa área de restinga mais limpa, todavia o IAP não permite mexer nesses locais. Não queremos extinguir com essa vegetação, muito pelo contrário. Em alguns locais onde a restinga estava um pouco degradada foi realizado um trabalho de reconstituição. Temos plena consciência de que essa vegetação precisa e deve ser conservada. Entretanto, queremos deixar a praia mais bonita para as pessoas que frequentam Pontal do Paraná. Acredito que poderiam estipular áreas para que fossem feitas as roçadas”, opina o prefeito.

O presidente do IAP, Victor Hugo Burko, informa que as roçadas nesses lugares estão proibidas por se tratarem de Áreas de Proteção Permanente (APP) e que por causa disso não podem ser alteradas.

“A restinga é uma forma de vegetação nativa que precisa ser conservada e, quanto menos mexer, melhor. O fato de ser mato não significa que precisa ser alterado. Cabe ressaltar que a vegetação está no seu lugar de direito e somos nós que invadimos o seu espaço. Nós estamos apenas cumprindo o que determina o Código Florestal e a lei diz que não pode mexer nessas áreas”, afirma.

Burko diz ainda que há uma conversa para realizar alterações na lei. “Existe um debate em torno da alteração do Código Flor,estal. O problema é que há muitos conflitos e falta definição do que fazer. É preciso que todos os municípios brasileiros façam um plano diretor e posteriormente definir a regra para todos”, encerra.

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