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Furtos representam ameaça
à segurança nacional.

Moradores da cidade de Ponta Grossa têm sofrido com a ação de furtos de cabos condutores, modalidade criminosa que tem preocupado autoridades e companhias de energia e telefonia em todo o País. Além dos cabos de transmissão, agora até mesmo residências são alvo dos ladrões.

Foi o que aconteceu na casa do alfaiate João Maria Gabriel de Oliveira, que mora no bairro de Uvarana. "Na última terça-feira (11), durante a madrugada, ficamos sem luz. Fui verificar e, para minha surpresa, descobri que os cabos que trazem energia do poste até minha casa tinham sido cortados e levados", conta. Ele calcula que devem ter sido levados aproximadamente 60 metros do material.

A região de Ponta Grossa é a quinta no Paraná que mais sofre com esses furtos. "Muita gente tem reclamado do mesmo problema", afirma Oliveira. O alfaiate, que trabalha em casa, conta que caso a luz não voltasse logo, ficaria impedido de trabalhar. "Felizmente, na manhã seguinte, liguei para a Copel, que religou rapidamente a energia", diz.

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Em dezembro, a Rádio Clube, uma estação veterana na cidade, também sofreu com um ataque semelhante. Porém, os resultados foram mais graves: a rádio ficou 24 horas fora do ar. "Os ladrões tiraram a caixa de sintonia e subiram até o topo da torre de transmissão, que tem 75 metros de altura. Desligaram os cerca de 400 metros de cabos de alumínio, mas não conseguiram levar tudo", explica um dos jornalistas da estação, Nelson Ribeiro. Segundo ele, outras três rádios passaram por problemas parecidos.

Força-tarefa

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André Luis de Castro David, engenheiro responsável pela área de Assuntos Regulatórios de Distribuição da Companhia Paranaense de Energia (Copel), diz que o roubo de condutores e transformadores pode dar muito mais dor de cabeça do que deixar uma residência sem luz ou uma rádio fora do ar: pode se transformar em ameaça à segurança nacional. "Regiões inteiras podem ficar sem energia", afirma.

David explica que, para combater o problema, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), juntamente com o Ministério da Justiça e a Polícia Federal, estão criando uma força-tarefa para investigar e coibir esses furtos. No Paraná, já existe uma delegacia especializada no assunto.

A Copel, a Secretaria de Estado da Segurança Pública e as companhias de telefonia também estão mapeando quem são as pessoas que recebem o material roubado, num esforço de coibir a prática. "São empresários que financiam os furtos para revender o material", enfatiza o engenheiro.

Ele revela que, no Brasil, são roubados 2 mil quilômetros de cabos por ano. No Paraná, são 300. O prejuízo financeiro fica perto dos R$ 11 milhões no País e R$ 3 milhões para o Estado.

Para David, o furto desse material, além de gerar vários problemas, como deixar sem luz hospitais e delegacias, é um risco para os que se aventuram a retirar os cabos e até mesmo para quem mora próximo dos locais atacados, pois cabos aterrados ou mal retirados, que transmitem altas tensões, podem ficar expostos. "Isso faz com que o problema seja de toda a sociedade. Além disso, alguém tem que pagar o custo. E, invariavelmente, acaba sendo o consumidor", afirma.