Reserva do Cascatinha já é realidade

Há dois anos, O Paraná-Online publicou matéria na qual anunciava a criação de uma reserva ambiental particular com cerca de 100 mil metros quadrados de área natural preservada, no coração do bairro de Santa Felicidade, em Curitiba.

Esta semana, a reportagem voltou ao local – a Reserva Natural do Cascatinha -, conversou com os envolvidos no projeto e teve uma boa notícia: o parque está servindo de exemplo para a implantação de centenas de áreas semelhantes na cidade.

É que desde setembro a prefeitura, em parceria com uma organização não-governamental, está incentivando proprietários de áreas preservadas a transformar os locais em Reservas Particulares do Patrimônio Natural Municipal (RPPNMs). Donos de quase mil terrenos poderão fazer essa opção.

“Já tivemos vários retornos de proprietários satisfeitos com as orientações”, conta o coordenador técnico de Fauna e Flora da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA), Alfredo Trindade. Ele resume como funciona a parceria: “O proprietário não ocupa a área, que fica isenta do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), e a prefeitura permite que ele transfira o potencial construtivo para outro imóvel da cidade.”

O dono do terreno também fica responsável pela preservação da vegetação – sob pena de responder por crime ambiental – e o compromisso, permanente, fica averbado no registro do imóvel.

A Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), que há dois anos apadrinhou a iniciativa da reserva, tornou-se a principal parceira da prefeitura no trabalho. De acordo com a bióloga Elenise Sipinski, da SPVS, até agora, mais de 60 propriedades já foram visitadas.

O objetivo é concluir as visitas em um ano. O maior benefício, segundo ela, está na possibilidade de contribuir para a conservação da biodiversidade e no bem-estar da cidade.

“A idéia está tendo muita reciprocidade”, comemora o empresário Eurico Borges dos Reis, morador do bairro que idealizou a reserva junto com o filho, o estudante de Direito Ricardo Borges dos Reis.

Este, adepto de causas ambientais, recomenda a atitude a outros proprietários. “Vale a pena, sem a menor sombra de dúvidas”, diz. A expectativa, agora, é que boa parte desses mil proprietários pensem parecido.

Problemas

Apesar da preservação da mata nativa, nem tudo são flores na Reserva do Cascatinha. O rio, por exemplo, continua poluído. A qualidade da água, segundo Reis, melhorou muito em relação à apresentada há dois anos, porém o problema continua, já que moradores da região usam o rio como esgoto e alguns, ainda, jogam lixo na água – o que foge do controle dos proprietários. “Aterraram até um olho d’água”, reclama Ricardo, mostrando a irregularidade em um terreno ao lado. Segundo ele, o parque recebe manutenção a cada 15 dias.

Não há, também, estrutura para visitantes – apenas trilhas para caminhadas. O local também foi bastante afetado pelas enxurradas que, no início deste ano, derrubaram algumas árvores às margens do rio. Mesmo assim, a área está aberta para quem quiser visitar.

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