O governador Roberto Requião recebeu, na tarde de ontem, do juiz do Tribunal de Alçada, João Kopytowski, o esboço da “Operação Mãos Limpas”, que será implantada brevemente no Paraná. Segundo o juiz, a exemplo do que foi feito na Itália, o programa “vai apanhar os grandes corruptos do Estado e combater o crime organizado, que está crescendo no Brasil e no Paraná”. Após receber várias sugestões do governador, Kopytowski marcou um novo encontro para os próximos dias.
O juiz, que foi escolhido para montar o programa, apresentou vários motivos para a necessidade da criação da “Mãos Limpas” no Estado. “Nós estamos conscientes de que as Farcs (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) possuem grandes áreas de terra do Estado”, afirmou. Além disso, segundo ele, o Paraná foi enfocado em primeiro plano pela CPI Federal do Narcotráfico e do Crime Organizado. “O Paraná tem que tomar alguma atitude para evitar que ele chegue ao ponto do Rio de Janeiro, onde já existe uma guerra civil não declarada”, reforçou.
A “Operação Mãos Limpas” já foi feita no Espírito Santo e resultou nas prisões e processos de várias autoridades do Estado. Algumas personalidades também ficaram no foco das investigações. “Foi feita uma revolução moral naquele Estado”, disse Kopytowski, afirmando que, mesmo antes da operação estar organizada no Paraná, ele já tem recebido graves denúncias de corrupção no Estado.
No Paraná, a Operação vai envolver as polícias civil, militar e federal, os poderes executivo, judiciário e legislativo, o Ministério Público, a Associação dos Magistrados do Paraná, as receitas Estadual e Federal, o Banco Central, o Detran e a Polícia Rodoviária Federal, além dos serviços, informações e apoio da sociedade civil organizada. “Esse trabalho haverá de ser o grito do Paraná contra a corrupção e o crime organizado”, afirmou o juiz.
Apoio federal
Kopytowski acredita que o Paraná, assim como Espírito Santo e Rio Grande do Sul, pode receber apoio financeiro do governo federal, por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública, para viabilizar a ação. “Após o governador Roberto Requião aprovar o programa, vamos recorrer ao Ministério da Justiça”, afirmou.
O juiz, que representa a Associação dos Magistrados do Paraná, também falou da preocupação da entidade com a situação de ameaça contra juizes no Estado, que não podem desempenhar tranqüilamente seu trabalho. “O medo aumentou depois do assassinato brutal do juiz-corregedor de Presidente Prudente (SP), Antônio José Machado Dias, na semana passada”, comentou.
Durante o encontro do governador com Kopytowski, o secretário da Justiça e Segurança do Rio Grande do Sul, José Otávio Germano, ligou para Requião interessado em uma pareceria de política de segurança pública entre o Paraná e os estados que compõem o Cone Sul. Ficou marcado um encontro entre os estados para discutir o assunto nas próximas semanas.