O governador Roberto Requião (PMDB) manifestou ontem seu apoio à criação de áreas de proteção a araucárias no Estado. Ele esteve reunido com o secretário nacional de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, que veio pedir o apoio do governador para a criação de cinco unidades de conservação no Paraná. Participaram também da reunião o secretário estadual do Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida, e o superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Paraná, Marino Gonçalves.
Segundo Marino, Requião ouviu a proposta do Ministério e deu apoio incondicional à formação das áreas de proteção. ?O governador disse que vai encaminhar ainda nesta quarta-feira (hoje) uma carta à ministra Marina Silva (Meio Ambiente) formalizando o apoio do governo do Estado?, disse.
Enquanto o governador ouvia as propostas, cerca de 600 manifestantes – entre proprietários rurais, empresários e representantes de classe da região dos Campos Gerais – protestavam em frente ao Palácio Iguaçu. Em seguida, eles participaram de uma sessão especial realizada na Assembléia Legislativa. Representantes da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) e de universidades também protestaram no Centro Cívico, apoiando a criação das áreas de preservação.
Douglas Taques Fonseca, coordenador do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Ponta Grossa (Cdesponta), disse que os agricultores não são contrários à preservação ambiental e pedem apenas abertura de diálogo para que os agricultores não sejam penalizados. Segundo Fonseca, caso os parques de preservação sejam realmente formados, cerca de 30 mil empregos serão perdidos e o Estado deixará de arrecadar R$ 110 milhões/ano com o plantio de grãos na região dos Campos Gerais.
De acordo com Marino, todo o processo de criação dos parques foi precedido de estudos de impacto social e econômico. ?O impacto da criação é positivo e vai beneficiar mais de 500 mil pessoas da região dos Campos Gerais, ao passo que apenas 32 proprietários terão suas terras desapropriadas?, disse. Marino afirmou ainda que o impacto sobre a agricultura na região é pequeno. Segundo ele, são menos de três mil hectares de lavoura dentro da área que se pretende desapropriar.
O diretor executivo da SPVS, Clóvis Borges, disse ser impossível haver qualquer prejuízo econômico com a criação das áreas. ?O que existe é o discurso retrógrado e superficial de latifundiários, ligados a órgãos de classe e lideranças políticas, que não aceitam o procedimento do governo federal?, afirma Borges.
No Paraná, as áreas de preservação a serem criadas somam 96 mil hectares e estão localizadas em 12 municípios da região dos Campos Gerais.