1.500 agricultores familiares estiveram
ontem na capital durante o Grito da Terra.

O governador Roberto Requião anunciou ontem que em 30 dias será criado o Fundo de Aval para garantir crédito especial aos agricultores familiares do Paraná. A previsão foi feita por Requião e pelo vice-governador e secretário da Agricultura, Orlando Pessuti, à comitiva de agricultores familiares participantes da manifestação “Grito da Terra”, organizada em todo o País.

“Com isso, pretendemos ampliar em 30% a oferta de crédito ao pequeno produtor rural e em 50% o valor do financiamento pleiteado”, calculou o governador. De acordo a Secretaria da Agricultura, a idéia inicial é oferecer empréstimos que poderão variar de R$ 5 mil a R$ 10 mil. O objetivo é atender com prioridade os pequenos produtores das regiões mais pobres do Estado.

O secretário Pessuti acredita que cerca de 130 mil famílias poderão ter acesso ao crédito facilitado. Ainda segundo o secretário, com o Fundo de Aval espera-se alavancar créditos entre R$ 450 milhões a R$ 500 milhões para os agricultores familiares do Paraná, do total de R$ 5,4 bilhões que o governo federal anunciou para o Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf).

Antes mesmo de a comissão de agricultores familiares entrar no Palácio Iguaçu, Requião se dirigiu aos manifestantes na entrada da sede do governo. A comissão de agricultores familiares foi liderada pelo presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Paraná (Fetaep), Ademir Muller. O governador deixou claro que nunca um governo do Estado deu tanto espaço para atender os movimentos sociais que surgem no Paraná.

Reivindicações

Durante o encontro, Requião salientou que a pauta de reivindicações apresentada pelos participantes do Grito da Terra pode ser viabilizada sem dificuldades. “São pedidos singelos e viáveis de serem atendidos”, afirmou. O governador disse também que concorda com a maioria das reivindicações apresentadas e que discorda apenas das solicitações relativas à necessidade de preservação do meio ambiente.

O governador afirmou que está consciente de que alguns agricultores familiares têm dificuldades em preservar a mata ciliar e as reservas de mata legal, exigências da legislação federal. Mas disse que o Estado deverá ser inflexível. “Se as pequenas propriedades não puderem preservar esses componentes, fundamentais para evitar a desertificação do Estado, o agricultor deve mudar o cultivo para outro que dê condições de preservação da área.”

Outro alerta feita por Requião é de que o governo pretende desestimular o plantio de fumo no Estado, mas que, antes disso, vai colocar órgãos de pesquisa e de extensão técnica – como o Iapar e a Emater – para oferecer aos produtores outras alternativas de renda viáveis. A maioria dos produtores de fumo do Paraná atua na região Sul do Estado.

Requião aproveitou para tranqüilizar os agricultores familiares que lutam pela proibição dos produtos transgênicos no Estado. “Vamos continuar impedindo o plantio desses produtos e agora vamos estender essa proibição no escoamento da safra pelo Porto de Paranaguá, que não vai exportar produtos geneticamente modificados, mesmo aqueles vindos de outros Estados ou do Paraguai.”

Medidas agradam Fetaep

A audiência entre trabalhadores rurais assalariados e membros da agricultura familiar com o governador Roberto Requião (PMDB), realizada ontem pela manhã em Curitiba, foi considerada positiva pelo presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep), Ademir Muller. Cerca de 1.500 agricultores familiares e assalariados estiveram na capital participando do 9.º Grito da Terra. Além da manifestação em frente ao Palácio Iguaçu, que culminou com o encontro com o governador, os trabalhadores também tiveram audiências na Delegacia Regional do Trabalho (DRT), no Banco do Brasil e no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Conforme Muller, o governador sinalizou de forma positiva para algumas propostas dos membros da agricultura familiar. “Em alguns pontos o governador disse não ser possível no momento, mas foi criada uma comissão com membros da Fetaep e da Secretaria de Agricultura e do Abastecimento (Seab) para estudar a viabilização futura desses pedidos”, destacou o presidente da Fetaep. Muller contou que o governador prometeu para em no máximo sessenta dias um fundo de aval para servir como garantia do pequeno produtor junto aos bancos. “Outra situação favorável foi a perspectiva de criação de um programa de habitação rural através da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar)”, contou Muller.

O presidente da federação disse que há alguns anos a a administração anterior do governo do Estado se comprometeu com várias reivindicações, mas não as cumpriu. “O governo Requião é mais sensível às questões do homem do campo. Acreditamos que ele irá cumprir o que prometeu. Com isso, daremos uma grande salto de qualidade”, finalizou Muller.

continua após a publicidade

continua após a publicidade