Requião quer mais incentivo, Tarso destaca o ensino de base. continua após a publicidade |
O governador Roberto Requião cobrou mais investimentos da União para o ensino superior no Paraná em seu discurso, ontem, na inauguração da Universidade no Litoral, em Matinhos. "Sentimos de forma flagrante a falta do investimento da União", afirmou o governador.
Requião disse que o Paraná é o Estado que mais investe e que mais possui universidades estaduais do Brasil. Estiveram presentes na inauguração da universidade o ministro da Educação, Tarso Genro, o reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Carlos Augusto Moreira Júnior, o vice-governador, Orlando Pessuti e o prefeito de Matinhos, Francisco Carlim dos Santos. As declarações causaram mal-estar, mas não foram comentadas pelo ministro.
Para que a Universidade no Litoral começasse a operar, o governo do Estado investiu por volta de R$ 3,2 milhões em infra-estrutura, ficando sob responsabilidade do Ministério da Educação (MEC) a liberação para que a UFPR pudesse contratar 51 professores, 30 para os dois cursos de graduação e 21 para os quatro cursos profissionalizantes. O MEC participou liberando também recursos para laboratórios e equipamentos. O Campus do Litoral funciona nas antigas instalações da Associação Banestado, que possui mais de 12 mil metros quadrados, com 4.474 metros quadrados de área construída.
A partir do meio do ano, serão oferecidas 30 vagas para cada um dos cursos de nível superior – Fisioterapia e Gestão Ambiental. Para os cursos em nível técnico, as vagas se distribuem da seguinte forma: 35 para Hotelaria; 35 para Transações Imobiliárias; 36 para Técnico em Agroecologia, 25 para Enfermagem.
Segundo o reitor Carlos Augusto Moreira Júnior, todos os cursos que serão implantados não eram oferecidos antes pela UFPR. "Foram escolhidos com base nas demandas locais." As inscrições para o vestibular começaram ontem, podem ser feitas através da página de internet (http://www.ufpr.br) e vão até dia 6 de junho. O reitor disse também que junto com o ensino superior virão naturalmente as atividades de extensão e pesquisa. "Mas, só com tempo será possível o desenvolvimento de atividades de pós-graduação."
Consolidação
Requião afirmou que para a consolidação da Universidade no Litoral foi fundamental a parceria do Estado com a UFPR. "Hoje possuímos 46 projetos em parceria com a UFPR e bancaremos novos projetos nos mesmos moldes se a instituição federal assim o desejar. O governo do Estado garante o local e compra de equipamentos. Já a universidade, o corpo docente", explicou.
Segundo o ministro Tarso Genro, o sistema de consórcio – envolvendo parceria entre governos federal, estadual e municipal – que viabilizou a criação da Universidade no Litoral -, servirá de referência numa proposta do anteprojeto de lei que trata da reforma de ensino superior. "É uma iniciativa fundamental para o desenvolvimento regional e de resgate de cidadania. A Universidade no Litoral é uma instituição de vanguarda e servirá de exemplo para construção de uma nação soberana e coesa."
Expectativa de grande desenvolvimento na região
A expectativa das autoridades que estavam presente à inauguração da Universidade no Litoral é de que o projeto venha a trazer desenvolvimento econômico para a região. Segundo o secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldair Rizzi, em três anos, aproximadamente 1.600 estudantes estarão se beneficiando da universidade. Para ele, é uma resposta às necessidades da população litorânea, que sobrevive basicamente da exploração da pesca.
Por sua vez, o ministro da Educação, Tarso Genro, afirmou em seu pronunciamento a importância de a universidade estar vinculada ao desenvolvimento regional de forma sustentável.
A Universidade no Litoral deverá atuar na economia local de forma complementar. Conforme o prefeito de Matinhos, Francisco Carlim dos Santos, haverá duas temporadas – uma de verão e outra de educação. "O mais importante é que vai trazer desenvolvimento sem chaminés da indústria."
O governador do Estado, Roberto Requião, acredita que além das vantagens naturais que uma instituição de ensino traz para uma região, a Universidade no Litoral vai trazer ainda mudança do perfil econômico.
A Câmara de Vereadores de Matinhos aproveitou a ocasião da inauguração para dar o título de cidadão honorário ao presidente Luiz Inácio "Lula" da Silva. A entrega simbólica foi feita pelo presidente da Câmara, José Mueller, ao ministro Tarso Genro. Para Requião, o título é muito mais que merecido. (RD)
Projeto para prolongar o ensino fundamental
O ministro da Educação, Tarso Genro, pretende enviar nos próximos dias ao Congresso Nacional o projeto de lei que aumentará o ensino fundamental no País de oito para nove anos. "A proposta já foi avaliada pelos técnicos e discutida em vários seminários", afirmou Tarso. Com a nova regra, a criança entraria no primeiro ano aos 6 anos. O projeto de lei prevê um período de transição de 5 anos.
"Não podemos fazer a coisa forçada, é preciso respeitar o ritmo e as possibilidades dos municípios, que são os prestadores diretos da educação de nível fundamental", afirmou.
As alterações no ensino fundamental, argumenta o ministro, são necessárias porque "é reconhecido universalmente que precisamos de um choque de qualidade no ensino". Além do aumento do tempo de permanência do aluno na escola, há necessidade de melhorar a remuneração dos professores e aperfeiçoar os currículos. O ministro reconhece que nesse aspecto "estamos atrasados em relação ao que ocorre em países que têm sistema educacional mais desenvolvido, inclusive no Mercosul, particularmente na Argentina e Uruguai". Genro disse que menos de 10% das escolas brasileiras adotam o ensino fundamental com 9 anos.
Recursos
Ele garantiu que não faltarão recursos. "O elemento central de reestruturação de recursos é o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb)." O projeto também está pronto para ser enviado ao Congresso e é qualificado pelo ministro de "terceira revolução do ensino", após a instituição da escola pública e da universalização da educação fundamental. Ele pretende que o Fundeb invista R$ 33 bilhões em 10 anos. A experiência da Universidade no Litoral deve fazer parte do projeto de reforma do ensino superior que o governo pretende remeter ao Congresso Nacional no segundo semestre.