O governador Roberto Requião determinou, na manhã de ontem, o afastamento do coronel Avelino José Novakoski do cargo de comandante do Policiamento da Capital. A medida é preventiva, vale por trinta dias e foi tomada depois que o coronel foi citado pela Promotoria de Investigação Criminal (PIC), de Foz do Iguaçu, na denúncia de que policiais receberiam propina de empresários que controlavam jogos ilegais na cidade. Quem assume interinamente o cargo é o coronel Altair Mariot.
O afastamento, porém, ocorreu de maneira inusitada, já que o anúncio foi feito durante a reunião semanal do secretariado, chamada de Escola de Governo, que é transmitida ao vivo pela Rádio e Televisão Educativa do Paraná. De acordo com o governador, o coronel está sendo investigado pelo Ministério Público (MP) porque teria acobertado um esquema de corrupção no período em que era comandante da Polícia Militar de Foz do Iguaçu.
?Vamos aguardar o posicionamento da auditoria militar que avaliará o caso. Além disso, um Inquérito Policial Militar deverá ser aberto para colaborar nas apurações?, disse o secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari. Durante a reunião do secretariado, Requião saiu em defesa do coronel. Disse que considera as acusações inconsistentes e que o afastamento só está sendo feito para dar maior transparência às investigações. Caso o MP não consiga avançar nas investigações ou não apresentar provas contra Novakoski, ele reassume a função após os 30 dias.
De acordo com o promotor Rudi Rigo Bürkle, o coronel Novakoski é apenas citado no texto entregue ontem à Justiça, ou seja, ele não é denunciado. Cabe agora à 1.ª Vara Criminal de Foz decidir se encaminha cópia da denúncia do MP à Justiça Militar. Caso isso aconteça, um promotor ligado à Justiça Militar avaliará o texto e definirá se apresenta ou não denúncia contra o coronel. ?Não revelaremos os casos em que Novakoski é citado para não atrapalhar as investigações?, explicou o promotor.
Denúncia
A PIC de Foz protocolou na segunda-feira denúncia contra 11 policiais civis, entre eles três delegados, acusados de receberem propina para acobertar jogos ilícitos na cidade. A denúncia é apenas o primeiro resultado formal da força-tarefa formada entre a Secretaria da Segurança Pública e a Promotoria, e que desencadeou a Operação Avalanche no início do mês, que desmantelou uma rede formada por policiais que cobravam dinheiro de empresários locais para fazer ?vistas grossas? à exploração de jogos ilícitos.
Outras 16 pessoas foram denunciadas por envolvimento no esquema. De acordo com a nota oficial divulgada pelo Ministério Público, são 84 casos diferentes, entre eles formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva e crimes contra a administração pública, que resultaram na denúncia contra 27 pessoas. Todos os policiais citados na denúncia já foram afastados e enfrentam procedimento administrativo na Corregedoria da Polícia Civil.
Outros dois delegados da Polícia Civil, Luiz Carlos de Oliveira e Walter Vicente de Oliveira, que estão afastados desde o início da operação, também não foram denunciados pelo MP. Mas segundo a Secretaria de Segurança, não existe prazo para que eles reassumam as atividades, já que ambos eram investigados desde o início da operação, e o coronel Novakoski teria sido apenas citado.