A falta de pediatras nas Unidades de Saúde de Curitiba tem provocado um verdadeiro colapso no atendimento do Hospital Pequeno Príncipe. Com 4.835 consultas mensais, 20 residentes resolveram paralisar os atendimentos a pacientes sem encaminhamento prévio e que não estejam em situação de risco. De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, dos quase 5 mil atendimentos, somente 80 chegaram lá por meio de encaminhamento.
A queixa é de que os pais estão levando automaticamente os filhos para o hospital, gerando sobrecarga no corpo médico e impedindo que casos de maior complexidade recebam a atenção merecida. Para tentar driblar esse impasse, a prefeitura deslocou para o Hospital Pequeno Príncipe técnicos de saúde que avaliam cada caso e fazem dos pacientes.
Uma reunião na tarde de ontem foi realizada entre a direção do hospital, os residentes e também representantes da Secretaria de Saúde. Após a reunião, os residentes decidiram suspender a paralisação.
Para Victor Horário de Souza Costa Júnior, coordenador da residência médica do Pequeno Príncipe, o resultado do encontro é positivo, pois a secretaria se comprometeu a apresentar uma avaliação em que será traçado o perfil dos pacientes da entidade, ajudando a encontrar uma forma de acabar com a superlotação da emergência e urgência do hospital.
“Temos a necessidade de priorização do atendimento, situações corriqueiras têm que ficar com as Unidades de Saúde”, disse Costa Júnior. Com isso, a espera para atendimentos fora do padrão de prioridade pode chegar a seis horas.
Reflexo universitário
Um dos motivos para a escassez de pediatras nas Unidades de Saúde está justamente no número reduzido de estudantes de medicina que escolhem a especialidade. A chave para a baixa procura está na remuneração. Em média, as operadoras de planos de saúde pagam R$ 60 por consulta de um pediatra, enquanto outras especialidades valores mais elevados, podendo chegar a R$ 100.
“É uma especialidade que exige muita dedicação e quem decide por ela sabe que não pertencerá à roda da fortuna”, afirma Donizetti Dimer Giamberardino Filho, conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR). Para ele, atualmente, as pessoas abandonaram os “médicos de família” e se consultam com plantonistas, o que acaba por agravar o caos no setor.