Foto: Prefeitura de Foz |
A morte da criança comoveu todos os membros do posto de saúde de Foz em que ele foi atendido. Aplicação do medicamento foi suspensa. continua após a publicidade |
Um menino de dois anos sofreu uma parada cardíaca e morreu, anteontem, em Foz do Iguaçu, enquanto tomava um medicamento antiemético (usado para coibir vômito) em uma unidade de saúde da cidade. O remédio utilizado na criança, de princípio ativo cloridrato de metoclopramida, era aplicado na forma intravenosa. Não se sabe, no entanto, se foi o medicamento associado ao quadro clínico da criança o causador da parada cardíaca ou se o garoto apenas manifestou o problema no momento em que tomava a medicação.
Ele apresentava rotavírus e há suspeitas de que tivesse uma infecção generalizada. A Secretaria Municipal de Saúde informa que já solicitou as análises necessárias para identificar a causa da morte da criança e suspendeu preventivamente o uso do medicamento na forma intravenosa nos postos de saúde da cidade.
Bruno Maia foi levado à unidade de saúde pela mãe por volta das 7h de anteontem, onde foi atendido por uma pediatra. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o garoto já havia sido examinado na noite anterior apresentando febre alta, diarréia e vômito. Na primeira consulta foi prescrevido o antiemético na forma intramuscular para conter o quadro de vômito de Bruno, que voltou para casa depois da consulta e medicação. Anteontem, porém, ao chegar ao pronto atendimento, o garoto apresentava sinais de prostração (grande debilidade), quase 40 graus de febre, vômito e diarréia. Após a consulta, a pediatra teria solicitado exame de sangue para confirmar diagnóstico de suspeita de rotavírus e meningite – a primeira doença já comprovada pelo resultado do teste – e prescrevido soro com antiemético, na forma intravenosa, para hidratação e contenção do vômito.
Minutos após o início da medicação, o garoto teve uma parada cardíaca irreversível. ?A morte da criança abalou toda a equipe que estava envolvida no atendimento. Tentamos reanimá-la, mas não houve reação?, afirmou a pediatra Marli Wojciechowski. Além da confirmação do rotavírus, o exame de sangue da criança também acusou um índice muito elevado de açúcar e potássio, que segundo a pediatra, podem indicar que o paciente estava com uma infecção generalizada. Outra informação a ser avaliada é que a avó, ao acompanhá-lo na consulta, teria relatado que Bruno expeliu vermes e fezes com sangue no dia anterior.
Medicamento
O secretário de Saúde de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro, acredita que ainda é cedo para afirmar que foi o medicamento o causador da morte. Mesmo assim, a medicação na forma intravenosa, como era usada por Bruno, foi suspendida temporariamente. ?Paralelo a isso, o serviço de verificação de óbito está fazendo os exames patológicos para identificar a causa da morte. Antes que saia o resultado dos exames, é prematuro afirmar se o que houve foi reação medicamentosa ou se a parada cardíaca aconteceu em decorrência do quadro apresentado pela criança?, explica. Os resultados devem sair no prazo mínimo de dez dias.
O lote do medicamento foi enviado para análise no Laboratório Central do Estado e uma comissão técnica foi montada para estudar o uso da medicação em associação ao quadro clínico apresentado pelo menino. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também foi avisada a respeito do incidente e deve averiguar se já houve casos semelhantes em outras partes do País. De acordo com Chico Brasileiro, somente este ano em Foz já foram usadas 55 mil ampolas do mesmo medicamento no setor da saúde pública.
No laboratório Claris, que fabrica o medicamento utilizado em Foz, a informação é que a indústria não irá se manifestar a respeito do caso antes de ser contatada oficialmente pela Anvisa. Já a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) emitiu nota ontem afirmando que a Vigilância Sanitária do Estado foi notificada do caso através do sistema farmacovigilância. A Sesa informa ainda que os maiores hospitais de todo o País, assim como todas as vigilâncias sanitárias, estão sendo notificados e que, segundo informações da Anvisa, o medicamento não é mais importado pelo Brasil.