A casa de número 45 da Rua Padre José Edmundo Dilly, na Vila Araguaia, Capão da Imbuia, foi literalmente disputada a tapas, socos e pontapés na manhã de ontem.

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Apesar de estar localizada em uma grande área de regularização fundiária que está em andamento na Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), Frederico Júlio Reginato alega ser o proprietário de todo o terreno e conseguiu na Justiça, em 2008, o despejo de várias pessoas que lá viviam.

Duas famílias entraram com recurso e conseguiram em junho a reintegração de posse até que o litígio tenha uma sentença transitada em julgado. O processo 33.563/2008 ainda tramita na 12.ª Vara Civil Pública de Curitiba e somente ontem a decisão foi cumprida.

De 2008 até agora, Reginato alugou novamente as casas para outras famílias, que já sabendo da reintegração de posse, deixaram o local durante a noite de quarta-feira.

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Acompanhado de um oficial de Justiça e de policiais militares, João Batista Gioppo voltou pacificamente à residência de onde foi despejado há dois anos. No momento em que Alceu Gabriel Madureira e a esposa Terezinha Gonçalves Chaparro Madureira faziam o mesmo, na casa de número 45, foram surpreendidos por Reginato.

“Ele reagiu ao cumprimento da reintegração de posse, cercou a dona Terezinha e a feriu. A comunidade ficou revoltada, se reuniu e bateu nele e em um capanga que também impedia o retorno da família Madureira”, conta Anatólio Novaes da Silva, presidente da Associação dos Moradores da Vila Araguaia.

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A confusão foi contida pela Polícia Militar. De acordo com as testemunhas, Reginato e o “capanga” fugiram. O Estado tentou contato com o advogado dele, Rafael Boff Zarpelon, mas não obteve retorno.

A confusão é tão antiga que Alceu sofreu um derrame na época do despejo e até hoje não se recuperou completamente. O advogado da família Madureira, Mesael Caetano dos Santos, acompanhou dona Terezinha a uma delegacia para fazer um boletim de ocorrência por ameaça. Ela ainda sente medo.

“Estamos bem felizes por retornar a esta casa onde morávamos há 14 anos e que construímos com muito esforço. Só não sei se estamos seguros, porque achamos que o Reginato vai voltar”, desabafa.