Após 30 anos de litígio judicial, a reintegração de posse de uma área no balneário Grajaú, no município de Pontal do Paraná, litoral do Estado, vai ser realizada com uso de força policial. A decisão foi divulgada ontem pela juíza Mariana Gluszcynski Fowler Gusso, da Vara Cível de Matinhos.
A posse da área foi solicitada em 1976 por Rafael Guarinello. Desde então, a Justiça decide o destino da gleba, que está dividida em lotes desde 1953, e hoje tem cerca de 60 casas. O processo está transitado em julgado e não cabe mais recurso.
De acordo com o presidente da Associação de Moradores, Heraldo José Fornaroli, a situação é lamentável. ?Essa é a mesma juíza que, pouco tempo atrás, suspendeu a reintegração porque existiam residências na área?, disse. Ele explica que, no último dia 19 de julho, de posse de um mandado judicial, um oficial de justiça chegou a esvaziar sua casa. ?Como houve resistência, a restituição acabou sendo suspensa. Ela mesma (a juíza) determinou a elaboração de um auto de constatação com o número de casas e lotes e agora toma essa decisão?, desabafou.
Segundo Heraldo, todas as pessoas que têm imóveis no local os adquiriram com a chancela da Prefeitura de Paranaguá. ?Hoje, nos tratam como posseiros, mas a verdade é que compramos nossos lotes com registro no cartório de imóveis da cidade. Dizem que vão demolir as casas, mas eu vou ficar na frente do trator?, afirmou. Com o desenrolar do processo judicial, todos os registros de posse dos moradores foram cancelados em 1993.
Para o herdeiro da área, Sérgio Luiz Guarinello Tha, a disputa de 30 anos tem que acabar. ?Esse pessoal compra lote e casa de picareta e depois fica nos incomodando. Por que eles não vão atrás de quem vendeu os lotes e as casas para eles? Quando eu te vendo um carro roubado, você vai atrás de quem? De mim ou da montadora??, desabafou. Ele disse, ainda, que está sendo ameaçado de morte por telefone. ?Eles andam dizendo que vão resistir à bala. Mas eu vou acompanhar, sim, a reintegração de posse. Eu e a Polícia Militar?, concluiu.