Foto: Ciciro Back/Tribuna

Samaha: protocolo assinado.

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Uma área localizada a cerca de quarenta quilômetros do centro de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, deve ser oficialmente transformada em reserva indígena. O local, que possui 25 alqueires de extensão e é conhecido como aldeia Caruguá, é ocupado por oitenta índios Guaranis desde 1999.

?Os índios foram trazidos da região de Mangueirinha, no Centro-Sul do Estado, por um historiador que lhes cedeu voluntariamente a área onde vivem. Por isso, eles detém a posse da terra, mas a área ainda não é considerada uma reserva, pertencendo à área de proteção da barragem do Caiuguava e contribui no abastecimento de água da região metropolitana?, afirma o prefeito de Piraquara, Gabriel Jorge Samaha.

No último dia 29, o prefeito assinou um protocolo de intenções que, formalmente, prevê a criação da área indígena, a proteção da manutenção da posse dos índios e a prestação de assessoria técnica no que for necessário por parte dos funcionários da administração municipal. ?Transformando-se em reserva, a área passará a ter regulamentação Federal, contando com mecanismos legais de manutenção da comunidade indígena?.

A cultura Guarani prevê a migração sazonal para recuperação natural de áreas ocupadas. Porém, o grupo que vive em Piraquara já quase não possui mais o hábito de se deslocar periodicamente. Na aldeia Caruguá, os índios sobrevivem da pesca, do artesanato e de doações feitas por entidades governamentais e não-governamentais, sendo que já não possuem mais condições de sobreviver exclusivamente dos recursos naturais.

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Contam com escola estadual, posto de saúde da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), habitações construídas por eles próprios e um local conhecido por Casa da Reza, onde diariamente realizam seus rituais. ?A transformação da área em reserva é símbolo do compromisso que Piraquara tem com todos os seus habitantes. Os índios não possuem uma relação histórica com o município, mas têm uma relação histórica com a terra. Por isso, precisam de um espaço onde possam dar continuidade a seus costumes, modo de vida e tradições. Na reserva, suas leis devem prevalecer sobre o uso do solo?, finaliza Samaha.