Pichações, vidros quebrados, sujeira. É isso o que as pessoas vêem quando passam pela Praça Generoso Marques, no centro de Curitiba, e se deparam com o prédio do Paço Municipal, que abrigou a administração da cidade e o Museu Paranaense. A edificação é uma estrutura única e imponente, construída em estilo art-nouveau, no início do século XX. Foi tombada como patrimônio histórico e artístico pelo município, Estado e União.
A Prefeitura de Curitiba já tem o projeto de restauração do prédio, elaborado há dois anos em parceria com o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Coordenação de Patrimônio Cultural da Secretaria de Estado da Cultura, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o arquiteto Ciro Correa Lira. A equipe dele foi a responsável pelo diagnóstico das condições do prédio, a definição do projeto e as suas especificações técnicas, explica Dóris Regina Teixeira, chefe do serviço de patrimônio histórico e cultural do Ippuc. A última intervenção feita no Paço Municipal aconteceu em 1973, quando o prédio passou a abrigar o Museu Paranaense.
A reforma deve durar pelo menos um ano, mas ainda não se sabe quando terá início, informa Regina. Dentre os pontos a serem trabalhados na restauração, estão a recuperação do telhado, da cobertura, da infra-estrutura do prédio, da rede de esgoto, galeria de águas pluviais, fachada, elementos artísticos metálicos, mármores, granitos e pinturas nos forros das principais salas, além da remoção das pichações. "Será um trabalho muito delicado, pois o prédio possui muitos detalhes", explica Regina.
A restauração do Paço Municipal será feita com recursos do Tesouro municipal e da venda de potenciais construtivos. O secretário municipal de Urbanismo, Luiz Fernando Jamur, explica que empreendedores interessados podem adquirir essas cotas. De acordo com ele, todos que queiram utilizar os parâmetros máximos para construções, descritos na lei de zoneamento e uso do solo da cidade, precisam adquirir potencial construtivo. Em uma área residencial na qual é permitida a construção de um bloco de 6 pavimentos, o empreendedor pode comprar essas cotas e construir um de oito pavimentos, além de aumentar a área a ser erguida, por exemplo.
Os recursos adquiridos com essa prática vão para o fundo que financia a reforma. Há uma legislação de incentivo para a restauração de imóveis históricos que sejam ícones da cidade (unidades de interesse especial de preservação) por meio da venda de potenciais construtivos. A Capela Santa Maria, no centro de Curitiba, está sendo restaurada com esse tipo de procedimento. A Sociedade Garibaldi e o Palacete Wolf, no Largo da Ordem, são outros exemplos de obras feitas com recursos provenientes dos potenciais construtivos. As cotas para a reforma do Paço Municipal já estão sendo comercializadas pela Prefeitura. A Secretaria Municipal de Urbanismo vai definir o que será feito com o prédio após a restauração.
História
A construção do Paço Municipal foi concluída em 1916, durante a gestão do prefeito Cândido Ferreira de Abreu. O edifício se tornou a primeira sede própria da administração de Curitiba, permanecendo no local até 1969, quando se transferiu para o Centro Cívico. Em 1973, o prédio passou a abrigar o Museu Paranaense, que ficou instalado no local até 2002. Desde então, o Paço Municipal está fechado.
