Reféns de índios devem ser soltos hoje

As três pessoas mantidas reféns desde a última quinta-feira pelos índios caingangues da Reserva Barão de Antonina, em São Jerônimo da Serra, norte do Paraná, devem ser liberados nesta manhã.

Essa é a condição imposta para a realização de uma reunião hoje à tarde entre os índios e representantes do Ministério Público Federal (MPF), Fundação Nacional do Índio (Funai) e Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel).

Os índios reivindicam o pagamento de uma indenização da Copel pela utilização de cerca de dez quilômetros do território indígena por onde há mais de 40 anos passa uma linha de transmissão de energia da Usina de Figueira até proximidades de Apucarana.

Diante da reivindicação indígena, o MPF propôs intermediar um acordo entre Copel e comunidade indígena para reparar os impactos econômicos, ambientais e culturais. Valores dessa indenização devem ser acordados na reunião de hoje.

Na tentativa de pressionar a reunião, na manhã da última quinta-feira os índios detiveram os irmãos Valmiron e José Almir Torres Quintanilha, funcionários de uma empresa terceirizada da Copel, que tinham ido até a reserva para um trabalho rotineiro. No dia seguinte, o sociólogo da Copel, Alexandre Húngaro da Silva, foi negociar a liberação dos reféns e acabou impedido de sair do local.

Para a Copel, manter os reféns é uma atitude desnecessária dos índios, uma vez que a reunião já estava agendada antes da semana passada. Ontem o tratamento aos reféns foi flexibilizado, de acordo com a Copel, que conversou por telefone com o sociólogo da empresa. Agora os reféns não estão mais confinados em um único compartimento da aldeia e podem transitar livremente pelo local, embora não possam sair de lá.

Os protestos na reserva são antigos. Em 2003, os índios chegaram a ameaçar incendiar as torres de alta tensão para que as negociações com a Copel tivessem início.

Ontem, o governador Roberto Requião cobrou uma maior atuação da Funai nas comunidades indígenas paranaenses ao comparar a atenção dada à demarcação da terra contínua dos índios, a Raposa Serra do Sol, em Roraima, com os problemas de distribuição de alimentos nas aldeias do Paraná.

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