Arroz, feijão, carne e salada. O que para muitos é uma refeição simples, para outros é um verdadeiro banquete, porém inacessível. Mas isto começa a mudar para brasileiros que moram em cidades onde o governo federal está abrindo, em parceria com os municípios, os restaurantes populares, que oferecem refeições a um preço médio de R$ 1. No Paraná serão quatro unidades até o fim do ano.

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Na cidade de Toledo, com 107 mil habitantes, o restaurante abriu as portas em dezembro de 2006. É usado por um público bem diferenciado: estudantes, donas-de-casa, trabalhadores, catadores de lixo reciclável, desempregados, aposentados. Por dia são servidas mil refeições. A cidade preferiu não centralizar o atendimento em apenas um local para facilitar o acesso da população. Os alimentos são preparados na cozinha social e depois são levados para os restaurantes que ficam em três bairros diferentes: Jardim Coopagro, Jardim Europa e Vila Boa Esperança. ?Eles foram escolhidos devido a clientela?, comenta o gestor dos restaurantes Odair Carlos do Nascimento. Em cada um são servidos cerca de 330 refeições diárias por R$ 1,50 cada.

A maior parte do dinheiro para a compra dos equipamentos da cozinha e para a reforma e adaptação dos prédios vieram do governo federal: R$ 824 mil. Outros R$ 176 mil foram a contrapartida municipal. Além disso, através do Programa Compra Direta, Toledo recebe recursos para comprar os alimentos produzidos diretamente pelos produtores agrícolas. Este ano foram enviados R$ 600 mil pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Para a Prefeitura fica os gastos com o pessoal, com contas de água e luz e 25% do custo da alimentação. São cerca de R$ 50 mil por mês.

Para Odair, a cidade está fazendo um bom investimento. A população mais carente tem acesso a uma comida balanceada, de qualidade, melhorando o estado nutricional. ?O cardápio é bem variado, feito por nutricionistas. Já sentimos que a fila no hospital diminuiu. As pessoas tem mais saúde?, observou.

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Além do preço, a dona-de-casa Marli Oliveira, que tem um bebê de 19 dias e uma filha de 8 anos, tem outros motivos para almoçar no local. ?A qualidade da alimentação é boa. Também sobra mais tempo para a casa e para a família?, diz ela, já que não precisa ficar em frente ao fogão preparando o almoço.

Expedita Barbosa Farias também quer aproveitar a facilidade do almoço mais acessível. Livre dos afazeres domésticos, ela terá mais tempo e disposição para participar do encontro de idosos que acontece uma vez por semana. Mas não é só isso. Ela conta que além da refeição barata e de qualidade, o programa também trouxe um emprego para a filha, que trabalha como auxiliar no restaurante.

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Nova estrutura será inaugurada

Foto: Ciciro Back

Obra na capital vai abrir suas portas na Rua da Cidadania da Praça Rui Barbosa.

Na semana passada o prefeito Beto Richa definiu o preço da refeição que será cobrado em Curitiba: R$ 1. O novo restaurante popular vai abrir as portas no próximo mês. Ele está localizado na Rua da Cidadania da Praça Rui Barbosa. Terá 785 metros quadrados, e está preparado para atender duas mil pessoas por dia, de segunda-feira a sexta-feira.

Segundo o secretário municipal de Abastecimento, Norbeto Ortigara, cerca de 90% da obra está pronta. O local está recebendo os últimos retoques de acabamento. Os equipamentos de cozinha como câmaras frias, geladeiras, fogões e bancadas já estão sendo adquiridos. A construção do novo espaço custou R$ 1,4 milhão, a contrapartida da Prefeitura foi de R$ 350 mil. O restante veio do governo federal. ?É um local adequado, bem localizado, que servirá refeições balanceadas à população de baixa renda que mora, estuda ou trabalha no centro da cidade?, completa Beto Richa.

Uma instituição social vai gerir o restaurante, mas ela ainda não foi escolhida. O edital de licitação está para ser lançado. O cardápio será elaborado pela equipe de nutricionistas da Secretaria do Abastecimento e terá no mínimo 1.300 calorias por refeição. Na composição dos pratos estão previstas carnes, massas, verduras, legumes, frutas e cereais. Além da refeição mais barata, o novo restaurante também significa postos de trabalho. Deverão ser contratadas 37 pessoas entre gerente, cozinheiro e auxiliares de cozinha.

Está se estudando a possibilidade de oferecer sopa durante a noite, beneficiando outras mil pessoas. As refeições custarão para o bolso do trabalhador R$ 1. O restante será subsidiado pelo município e outra parte pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), por intermédio do Programa Compra Direta.

O vendedor ambulante que trabalha na Praça Rui Barbosa, Valdomiro Rodrigues, diz que sempre almoçava no restaurante popular que havia na praça. Porém, comentou que a qualidade deixava a desejar. Ele está otimista com a inuaguração do novo modelo. ?Parece que agora a comida será melhor?, falou.

Instalação segue algumas regras

Além de Toledo e Curitiba, até o fim do ano Colombo e Paranaguá também abrirão unidades do restaurante popular. O governo também lançou mais um edital e outras cidades podem se candidatar a montar um. Precisam apenas ter mais de 100 mil habitantes e oferecer um lugar para a construção ou reforma do restaurante.

Por mês, o programa vem beneficiando 638 mil pessoas que passam por 21 restaurantes, em várias localidades do País. Mas outros 90 convênios já foram confirmados, e entre esses, 60 devem abrir as portas até o final do ano.

O programa é destinado a pessoas com baixa renda, mas qualquer pessoa pode almoçar em uma das unidades. Na entrada, não é necessário comprovar renda. Mesmo assim, o Secretário Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Onaur Ruano, diz que a maioria das pessoas que usam o restaurante são pessoas com renda mensal baixa. Uma pesquisa revelou que 31% dos usuários ganham menos de um salário mínimo e 39% ganham entre um e três salários. Para ele, isso significa que a maioria dos beneficiados são as pessoas que mais precisam.