Três dos responsáveis pela correção das redações do vestibular da PUC, comentaram que os erros de ortografia já não são mais considerados as pérolas das redações do vestibular na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC).

O professor Basílio Agostini, que corrige textos desde 1979, avalia que a dificuldade agora está em organizar as idéias, além da falta de argumentação. As redações apresentadas evidenciaram a falta de leitura de textos de qualidade. Mesmo assim, o professor acha que, ano a ano, o nível dos candidatos vem apresentando uma melhora, embora considere ?milimétrica?.

Basílio diz que há alguns anos era comum os professores interromperem o trabalho para comentar os erros de ortografia. Tinha alguns que até montavam listas para depois publicá-las. ?Não temos mais aquelas escabrosidades que chegavam a chocar?, afirma Basílio.

O principal problema dos candidatos está na construção dos textos, falta clareza, argumentação e unidade. Em boa parte não havia ligação entre os parágrafos. ?Tanto fazia ler do fim para o começo, ou ao contrário?, disse a professora Rossana Finau. As pérolas agora são as idéias apresentadas. Por exemplo, ?os jovens são mais visados pela mídia do que os recém-nascidos porque têm mais cultura e experiência.?

A falta de criatividade foi outro ponto que chamou a atenção. Os estudantes parafrasearam o texto que falava sobre o jovem e a propaganda, e ficaram muito parecidos. ?Eles tentaram adaptar ao que foi pedido. Ninguém falou de si mesmo?, comenta Rossana. Ela afirma que isso ocorre, em parte devido ao mito de que é preciso escrever para agradar quem vai corrigir, o que não é verdade, basta o texto estar bem argumentado.

A outra professora envolvida nas correções, Cátia Toldo Mendonça, explica que a dificuldade dos alunos está relacionada a falta de leitura de textos de qualidade e também na prática da escrita. ?Eles ainda lêem e escrevem pouco nas escolas?, comenta. Ela também joga a responsabilidade para os pais no incentivo à leitura. ?Os livros infantis não são tão caros como antes. Os pais podem substituir um brinquedo ou um lanche por um livro?, sugere.

A redação tinha o peso de dez questões na avaliação de Língua Portuguesa. Os alunos que tiraram zero foram automaticamente eliminados. Segundo o professor Basílio, a maioria das notas ficou entre 5 e 6. São raros os casos em que os alunos tiram zero ou 10. ?Para zerar, era necessário escrever abaixo do limite de linhas ou fugir completamente do assunto?, comenta Basílio. Das 5 mil redações corrigidas até a manhã de ontem, apenas duas obtiveram 10. A correção, que mobilizou 22 professores da PUC, deve terminar hoje à tarde.

Díficil e fácil. Opiniões divergem

No último dia do vestibular, os estudantes testaram os conhecimentos em Física, Química e Geografia. De um modo geral gostaram do nível de dificuldade das provas. A previsão é que até o dia 9 de janeiro seja divulgado o resultado do concurso. Nos três dias de vestibular faltaram 1.260 candidatos, o que equivale a 9% do total. Este ano 14.065 pessoas disputam 6.360 vagas.

Ludmila Xavier Danilow, de 19 anos, que concorre a uma vaga em Turismo, diz ter gostado do nível das provas, mas lamenta ter certa dificuldade em Física. Elissandra de Lima Silva, 22, que também tenta Turismo, teve mais dificuldade em Química. ?Eu tive que fazer muito cálculo e já não tenho muita afinidade com a matéria?, diz. Diego Azeredo concorda. ?Era preciso fazer muito cálculo. Por outro lado, Física cobrava mais os conceitos?, compara. A maioria dos estudantes acha mais fácil a prova de geografia. ?Eram questões da atualidade. Quem se informou constantemente conseguiu responder?, garante Fabiele Granemann, 18.

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