Recuperação de rodovias gera obras em todo o Paraná

A recuperação de rodovias, antes cheia de buracos, está mudando comportamentos no Paraná. Em todas as regiões do Estado, há alguma obra rodoviária. Muitas vezes um simples tapa-buraco é motivo de comemoração.

Quando a obra é maior, a alegria se completa. É o que se constata, por exemplo, na região central do Estado, onde o agricultor Everaldo Tebinca, de 28 anos, vive a expectativa de recuperação de uma rodovia estratégica para ele.

Everaldo e dezenas de outros pequenos lavradores vizinhos não vão demorar mais que 20 minutos para levar os produtos de suas colheitas até a cidade mais próxima, percurso que faziam com o dobro do tempo. É que as obras de recuperação do trecho da BR-487, que liga Cândido de Abreu a Manoel Ribas, estão em ritmo acelerado e ficam prontas nos próximos dias.

“Isso aqui era só buraco”, conta o agricultor, que nasceu na região e testemunhou muitos problemas na estrada. “Carros quebrados e acidentes eram rotina na rodovia. Agora, a vida vai ficar bem mais fácil, porque a gente depende de uma boa estrada para levar nossa produção de milho e feijão com segurança até Cândido de Abreu.”

A comemoração do pequeno agricultor é reforçada pela comerciante Bernardete Marco, que possui um mercadinho na beira da rodovia e já sente no bolso a recuperação da rodovia. “O meu movimento aumentou em pelo menos 20% com a as melhorias que estão fazendo nas estradas”, relata a comerciante. “Antes o movimento era pequeno, desanimava a gente. Agora, as coisas devem melhorar.”

Retrato

O relato de Everaldo e Bernardete é um pequeno retrato do resultado um amplo trabalho que o governo do Estado vem realizando para melhorar as estradas do Paraná. “Encontramos 40% da malha viária paranaense em péssimo estado de conservação”, calcula o secretário estadual dos Transportes, Waldyr Pugliesi. “Nosso desafio passou a ser diminuir ao máximo o problema com poucos recursos.”

Segundo o secretário, graças a um programa de esforço concentrado, só nos primeiros seis meses do ano foi possível recuperar cerca de 6 mil quilômetros de rodovias. “É claro que, na maior parte, o trabalho foi de tapa-buracos já que era preciso fazer alguma coisa urgente, ainda que mínima”, reconhece Pugliesi. “Mas, na medida do possível, estamos recapeando trechos inteiros de rodovias, já que em algumas o asfalto está praticamente desaparecendo.”

O secretário lembra também que a cobrança de pedágio em rodovias estratégicas tem levado muitos motoristas a buscar caminhos alternativos. “Isso acaba ajudando a acelerar ainda mais o processo de degradação de algumas rodovias”, alerta. “Por isso a nossa luta por um pedágio mais barato, pois não adianta melhorar uma parte da malha viária e piorar o restante.”

Mudanças

A mudança de hábito por causa de uma pequena obra rodoviária pode ser registrada em diversas regiões do Paraná. É o que tem ocorrido na região do Norte Pioneiro, onde o DER está pavimentado um trecho de apenas dois quilômetros da PR-151, entre os municípios de Carlópolis e Ribeirão Claro, na divisa com São Paulo. A obra foi paralisada quase no final e hoje, pronta, é capaz de gerar uma comemoração curiosa.

“No fim de semana, o pessoal da região se junta só para caminhar pela estrada nova”, conta o agricultor Wilson Augusto, que mora na região há 29 anos. O comerciante José Camilo de Souza faz coro com Wilson e lembra das dificuldades que passava quando a estrada não era asfaltada. “Cansei de ficar com o carro atolado quando chovia e cheguei a perder o motor do veículo por causa da estrada”, recorda. “Em dias de chuva eu nem abria meu bar, porque não valia a pena.”

Rio Ivaí ganha ponte mais larga

No Noroeste do Estado, a obra de alargamento da ponte sobre o Rio Ivaí, entre os municípios de Doutor Camargo e Jussara, também é motivo de comemoração de motoristas e moradores da região. Atravessar ponte estreita de 300 metros de comprimento era um verdadeiro desafio. “Era um perigo constante”, conta o caminhoneiro Cláudio Fernandes, que costuma passar pelo local pelo menos duas vezes por semana. “Muito estreita, a ponte sempre provocava acidentes, principalmente com caminhões.”

Na mesma região, o DER realiza a aplicação de asfalto em 20 km da PR-489, entre Umuarama e Xambrê. O uso de uma fina camada de lama asfáltica é um método ágil e barato de dar boas condições de tráfego na estrada. Para o agricultor Constantino Soares, que faz seu trajeto para o trabalho de bicicleta todos os dias, a obra é uma questão de segurança para os moradores.

“Por aqui passam muitos caminhões que vêm do Mato Grosso do Sul”, conta Constantino. “Com o asfalto ruim, os caminhoneiros ficam desviando dos buracos e acabam avançando no acostamento.” A dona-de-casa Helena Pires concorda. “Já vi gente sendo atropelada no acostamento, mas agora este pesadelo vai finalmente acabar”, diz, emocionada.

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