A arte milenar da falcoaria, utilizada por antigos imperadores para treinar aves de rapina para a caça esportiva, está sendo utilizada pela equipe de fauna do Refúgio Biológico Bela Vista, região de Foz do Iguaçu, na recuperação de pequenos gaviões.
O técnico especializado Marcos José de Oliveira está aplicando o método em dois gaviões-carijós feridos e um gavião-quiriquiri, trazido ainda filhote ao cativeiro.
As aves estão há um mês sendo manejadas com a nova técnica e espera-se que elas possam ser soltas novamente na natureza.
Na Argentina, Marcos conheceu a técnica com um experiente falcoeiro, Jorge Anfuso, do Centro de Recuperação de Aves Ameaçadas Guira Oga, em Puerto Iguazú. Marcos também participou de um curso de falcoaria em São Paulo. Agora, o método está em fase de implantação e de aprendizado pela equipe de fauna, que aplica a técnica pela primeira vez com os três gaviões.
A falcoaria é usada para que uma pessoa possa acalmar e condicionar a ave de rapina. O controle da ave é feito pela comida.
"O método atua na psicologia da ave, é um processo lento, mas prazeroso", explica Marcos. "São abolidos os reflexos negativos da ave ao homem, para que ela aceite sua presença. O animal, contudo, não é domesticado. É resguardado em seu estado selvagem, porque isso é muito importante", completa o técnico especializado.
Durante o treinamento, um capuz venda os olhos das aves para que permaneçam mais tranqüilas. Dos gaviões em treinamento, um deles está com a asa quebrada.
Outro caiu em um tonel de óleo vegetal e foi manejado de forma errada, antes de ser levado ao refúgio. A recuperação deles deve demorar alguns meses.
O manejo normalmente utilizado para a soltura do animal na natureza não se mostra eficaz, porque a ave permanece estressada e está sujeita a ferir as penas nas arremetidas contra a gaiola.
Pelo método da falcoaria, as gaiolas são substituídas pelos poleiros, para que as penas do animal cresçam sadias e com possibilidade de voltar ao seu hábitat natural. Além disso, o método tem o poder de reabilitar a ave para o vôo e a caça, por meio do fortalecimento de sua musculatura.
Os três gaviões estão respondendo bem ao tratamento, e devem ser soltos perto dos locais onde foram encontrados, na tentativa de contribuir para a recuperação destes territórios. (Itaipu Binacional)
