Se o Rio de Janeiro tem a Confeitaria Colombo, Curitiba não fica atrás com a Confeitaria das Famílias, onde é praticamente impossível resistir aos mais de 80 doces e salgados. O ponto tradicional é parada obrigatória de quem visita o centro, tanto para curitibanos quanto turistas, hábito que passa por gerações. Toda a produção de doces é feita no número 374 da Rua XV de Novembro, mas o segredo é a receita do sucesso. Apenas os sete confeiteiros alguns com mais de 20 anos de casa sabem como é a preparação dos doces criados pelo fundador da confeitaria, Jesus Alvarez Terzado. Ele, nascido na Espanha e que faleceu na década de 1980, trabalhava sozinho no começo do negócio em Curitiba, produzindo os doces de noite para vender durante o dia.
Em seus quase 70 anos, a confeitaria acompanhou as mudanças que se passaram em Curitiba, mas nem todas muito boas. Foi-se o tempo em que o comércio de rua era mais movimentado e os clientes saíam dos cinemas do centro direto para o local. Agora, a questão da segurança é um dos principais desafios do estabelecimento.
Felipe Rosa |
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Ederson: de pai pra filho. |
A casa funciona todos os dias, das 7h30 às 23h (aos domingos abre às 8h), ficando aberta nos horários em que o restante do comércio permanece fechado. “A gente vê muito problemas. São usuários de drogas e moradores de rua. Como ficamos até tarde, os clientes têm medo. Além disso, os moradores de rua fazem suas necessidades aqui ao lado e fica o mau cheiro”, observa o gerente Ederson Tadeu Adancheski, 30. Ele conta que esta é uma das principais preocupações da proprietária, além da concorrência com as demais confeitarias e também com os shoppings.
De família
“Aqui a tradição é grande, passa de pai pra filho, que frequentam a confeitaria há anos”, conta o gerente Ederson Adancheski, que apresenta os doces mais procurados pelos clientes: bomba de creme com cobertura de chocolate, madrileño, folhados e coalhada. Outro sucesso foi a criação da torta Martha Rocha, em homenagem à modelo brasileira que perdeu o título de Miss Universo em 1954 por duas polegadas a mais no quadril, doce que ficou famoso em todo o país.
Felipe Rosa |
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Segurança é um dos principais desafios. |
E é fácil encontrar clientes fiéis em frente ao balcão de doces. Há 52 anos morando em Curitiba, a aposentada Maria da Graça Mueller Martins, 60, já experimentou todos os doces da confeitaria e elegeu seu preferido, um bolo de chocolate com creme. “É tudo muito bom, tem um ambiente de nostalgia. Primeiro a gente come com os olhos e depois experimenta”, diz ela que já esteve na confeitaria com toda sua família, primeiro com os pais e irmãos e agora com o marido, filhos e sobrinhos. Na semana passada ela, que mora próximo ao Teatro Paiol, foi ao centro especialmente para buscar um pedaço de bolo para o final de semana. “É pra passar o final de semana feliz”, brinca.
Moradora do Boa Vista, Silvana Marques, 41, também faz questão de parar na confeitaria quando vai ao centro da cidade junto com a família. Há 12 anos na cidade, ela gosta do ambiente aconchegante e do atendimento. Silvana e sua filha Ana Carolina, 9, também têm os doces que mais gostam. A mãe prefere os folhados enquanto a menina não dispensa o brigadeiro.