Reaproveitamento de água será obrigatório

A Lei Municipal 10.785/03, que determina o reaproveitamento da água em novas construções de Curitiba (residências, comércio e indústrias), entra em vigor na próxima quinta-feira. A partir desta data, todos os projetos apresentados à Prefeitura para obtenção de alvará terão que seguir as novas exigências, visando a diminuição do consumo de água do município.

Com a proximidade da data, alguns representantes das entidades de classe não estão satisfeitos com um dos pontos apresentados pela lei. Eles alegam que a nova legislação não especificou claramente a reutilização das águas servidas – que passam pelos chuveiros ou vasos sanitários. Para eles, esse ponto compromete a segurança e a saúde dos moradores.

Uma comissão de trabalho organizada pela classe, para acompanhar todos os procedimentos para a regulamentação da lei, uma comissão da Prefeitura e da Câmara Municipal, além do vereador João Cláudio Derosso (PSDB), vão participar de uma reunião no começo da semana para esclarecer todas as dúvidas e definir possíveis alterações no projeto.

Segundo o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Paraná (Sinduscon), o custo das novas obras deve aumentar muito. O vice-presidente da entidade, Volmir Selig, acredita que a lei deve ser revista para organizar alguns pontos que ainda não estão claros. “Não concordamos com o reaproveitamento das águas servidas, que podem fazer mal à saúde das pessoas. Isso não pode ser reutilizado dentro de uma residência, mesmo elas sendo filtradas e cloradas”, diz Volmir. “Os detalhes técnicos não foram amplamente discutidos e o assunto ainda está divergente. Cada engenheiro tem um pensamento diferente com relação à lei. Seria necessária uma revisão completa de todo o processo, antes da implantação definitiva”, completa.

O vereador João Cláudio Derosso (PSDB) defende o seu projeto e afirma que atualmente existe tecnologia de filtração e clorificação com baixo custo e eficiência. Ele ressalta ainda que as águas servidas serão reutilizadas para lavagem de escadas, ruas, fachadas dos prédios ou como descarga. “É óbvio que não usaremos essas águas para tomar banho novamente ou para escovar os dentes. Mas reutilizando a água para algumas ações comuns do dia-a-dia, a economia já é grande”, explica.

O secretário municipal de Urbanismo, Luiz Fernando Jamur, que faz parte da comissão da Prefeitura, reafirma o discurso de Derosso. “A discussão é essencial antes que a lei seja regulamentada. Mas é inquestionável a necessidade de um projeto que reaproveite a água”, diz.

Professor inventa projeto Katágua

O ex-professor da Universidade Federal do Paraná, Luiz Campestrini, já tem uma casa que reaproveita a água. Ele criou o projeto Katágua, um reservatório para recolher água, e instalou em sua residência todo o aparato. O reservatório apresentou resultados na ordem de 30% a 40% de economia de água por mês.

O modelo caracteriza-se por um reservatório situado no piso do chuveiro ou em outra localidade conveniente para recolher as águas do chuveiro, banheiras, lavatório ou chuvas e uma entrada suplementar, para suprir a falta do líquido no reservatório.

Podendo ser utilizado na descarga direta no vaso sanitário ou através da caixa de descarga, a água recolhida, após passar pelo filtro e clorificador, é depositada no reservatório para, posteriormente, ser reutilizada no vaso sanitário. A finalidade desse reservatório é recolher a água já utilizada, dando um novo uso. “Comecei a desenvolver esse projeto em 1993, e já ganhei um prêmio por ele. Mas ainda estou procurando interessados para a fabricação do produto em escala experimental e industrial”, diz o professor. “Além disso, o custo para construção de um reservatório desses é muito pequeno, e o desperdício também se torna menor. Seria uma das soluções para evitar tanta água jogada fora”, completa. (RCJ)

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