Raízes invadem residências em Curitiba

As árvores plantadas ao longo das vias públicas de Curitiba, que contribuem para o embelezamento da cidade, também vêm causando alguns transtornos à população. Na Rua Silveira Neto, diversas residências já foram invadidas por galhos e raízes, causando rachaduras e desnivelamento do assoalho.

A situação mais complicada é a da casa de Sueli Mara Thomaz de Oliveira, na esquina com a Rua Otávio Francisco Dias. As raízes de três árvores já estão sob sua casa, que tem diversos pontos de rachaduras e várias ondulações no piso. ?Há um quarto em que nem consigo mais fechar a porta?, revela Sueli, que vem travando uma verdadeira briga com a Prefeitura de Curitiba por causa das árvores. Os problemas começaram em fevereiro, quando Sueli contratou uma empresa para consertar algumas rachaduras. O arquiteto Luiz Carvalho, porém, a informou que não adiantaria reformar a casa, pois as árvores continuariam danificando a construção. Foi do arquiteto a iniciativa de solicitar a derrubada das árvores.

Segundo Sueli, após conseguir a autorização do corte, ela foi orientada a pedir ressarcimento pelos prejuízos que tivera em sua casa. No entanto, quando encaminhou o protocolo de ressarcimento, ela foi informada que a solicitação de corte havia sido indeferida.

Sueli possui o registro do atendimento on-line do 156 da Prefeitura, em que a atendente diz, no dia 10 de maio, que ?o protocolo de corte já fora concluído e encaminhado para o setor responsável pelo corte?.

?Primeiro eles autorizaram, e disseram que iriam derrubar as árvores em, no máximo, 60 dias. Depois, eles voltaram atrás e disseram que não eram as árvores as causadoras dos problemas na minha casa?, reclama Sueli, que mora no local há 51 anos.

A moradora recorreu da decisão e encaminhou um laudo, assinado pelo engenheiro Gregório Temczuk Neto, concluindo que tais árvores eram as responsáveis pelos problemas da casa. ?As raízes desse tipo de árvore crescem superficialmente, já atravessaram a calçada, o muro, o recuo e estão saindo do outro lado da casa de dona Sueli?, explica o engenheiro. Mas o laudo também foi indeferido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Smma), que o considerou ?não conclusivo?.

 Foto: João de Noronha/O Estado

 Smma prestou esclarecimentos na tarde de ontem.

Técnicos da Prefeitura discordam de laudo

O chefe do Departamento de Pesquisa e Monitoramento da Smma, Glauco Machado Requião, informou que diversas análises foram feitas e as árvores não foram consideradas, pelos técnicos da Prefeitura, as responsáveis pelos danos apontados pela moradora. Para ele, o laudo do engenheiro era unilateral, atendendo apenas aos interesses da requerente.

Glauco explicou ainda que, quando um pedido desses é feito, ele sempre é analisado do ponto de vista técnico, tentando preservar a árvore. Ele informou ainda que a Prefeitura, em nenhum momento, autorizou o corte das árvores, e que quando a atendente do 156 diz que o protocolo já fora concluído, significa que ele já teria sido encaminhado para avaliação interna.

Para Jorge Castro, do Conselho de Segurança de Edificação em Imóveis (Cosedi), a denúncia de Sueli, por se tratar de uma pessoa leiga, apresentou diversas falhas e as conseqüências apresentadas no laudo do engenheiro Gregório Temczuk não sugerem danos causados pelas árvores.

O engenheiro, por outro lado, acredita que a Prefeitura ?não está querendo ver o problema?. ?O problema está mais do que comprovado. Está lá e dá para ver a olho nu. Qualquer pessoa percebe que as raízes estão prejudicando a estrutura da casa.? Tanto o engenheiro quanto os vizinhos acreditam que a Prefeitura vetou o corte depois do pedido de ressarcimento por parte de Sueli. ?Eles já tinham autorizado o corte, mas quando ela pediu indenização, voltaram atrás, pois se cortassem, dariam razão a ela e teriam que ressarci-la?, comenta a vizinha Yara do Carmo.

Enquanto segue o impasse, a casa de Sueli continua condenada. Se não for feito um reforço estrutural em toda a propriedade, ela corre risco de desabar. O maior problema para a proprietária é que nenhum profissional quer se responsabilizar por uma obra que, enquanto as árvores continuarem lá, não terá nenhuma garantia. (RP) 

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