Foto: Aliocha Maurício/O Estado
Ontem de manhã, o nível da barragem Piraquara I era de 6,32 metros abaixo do normal. O nível mais baixo foi 6,38m, em 31 de agosto.

As altas temperaturas que vêm sendo registradas em Curitiba e Região Metropolitana colocaram a Sanepar em alerta. Com a máxima chegando aos 30ºC, o aumento do consumo de água já é uma realidade e fez com que a empresa anunciasse a possibilidade iminente de aumentar as horas em que o fornecimento é interrompido nos bairros envolvidos no rodízio do racionamento, que começou no dia 4 de agosto.

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Segundo o gerente de operação da Sanepar, Paulo Raffo, a população será avisada com antecedência caso haja necessidade de alteração no sistema. ?Se não chover nos próximos quinze dias, há a possibilidade do número de horas do corte passar das 26 atuais para 32 horas?, diz.

A medida será necessária caso os reservatórios não recebam um volume de chuvas suficientes para aliviar o sistema. Com a chegada do calor, houve um aumento de 15% no consumo em apenas um dia. De segunda-feira (11) para terça (12), o consumo saltou de 350 mil metros cúbicos para 410 mil metros cúbicos. ?Além do calor, acreditamos que o retorno das pessoas após o feriado tenha motivado um maior aumento no consumo?, diz o gerente. E é justamente no hábito das pessoas que a Sanepar continua insistindo, pedindo colaboração na economia de água para evitar medidas mais drásticas. ?A água só deve ser usada para as necessidades básicas do dia-a-dia. Nesse período, qualquer uso acima disso pode comprometer o sistema.?

Para se ter uma noção exata da gravidade da situação, basta conferir o nível das barragens que abastecem Curitiba e região. Hoje o nível da barragem Piraquara 1 deve bater recorde negativo, ficando abaixo dos 6,38 metros negativos registrados no dia 31 de agosto. Ontem a medição da barragem no início da manhã era de 6,32 metros abaixo do nível normal. Como a barragem estava aberta ontem e em apenas um dia decresceu 7 cm, a tendência apontava para o recorde negativo. A outra barragem comprometida, Iraí, estava com as comportas fechadas e a 4,24 m abaixo do nível considerado normal. Os dois sistemas juntos estão funcionando com apenas 28,3% da capacidade total. Quando o racionamento entrou em vigor, Iraí, sozinha, tinha 30% da capacidade total em funcionamento.

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Pensando no futuro, a única solução para acabar com o problema de forma definitiva é a chegada das chuvas. ?Temos que recompor o sistema, pois outubro, novembro e dezembro são meses tipicamente de maior consumo, devido ao calor.?

Previsões

Se depender das previsões do Instituto Tecnológico Simepar, o comprometimento do sistema de abastecimento de água deve perdurar por mais algum tempo. Mesmo com a boa possibilidade de chuvas a partir da segunda quinzena deste mês, os volumes não devem ser significativos ao ponto de recompor totalmente o nível dos reservatórios. ?Será necessário chover também em outubro para que haja recuperação?, diz o meteorologista Lizandro Jacobsen. Ele lembra também que, com o aumento do calor e da precipitação, as pessoas costumam gastar mais. ?Isso contribui na demora da recuperação dos níveis dos reservatórios.? Além das chuvas previstas para a primavera, que começa no dia 23 deste mês, o Paraná também passará a sofrer influência de fenômenos meteorológicos no Paraguai e há um indicativo da influência do El Ninõ, que pode trazer chuvas para a região.

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Para amanhã, já são previstas pancadas de chuvas, resultado de uma frente fria que se desloca do Rio Grande do Sul, mas ainda pouco expressivas, de modo que o risco da ampliação do sistema de racionamento deve continuar.