Racionamento de água gera reclamações

Ontem começaram a aparecer as primeiras reclamações quanto ao racionamento de água na Grande Curitiba. Em muitos locais onde as torneiras secaram, moradores tiveram que adiar lavagem de louça, acumular roupas sujas no tanque e suspender outros serviços domésticos.

Das 14h de sexta-feira às 16h de ontem, a interrupção do fornecimento foi total no bairro Rebouças e parcial no Água Verde, Alto da XV, Batel, Bigorrilho, Bom Retiro, Campina do Siqueira, Centro, Cristo Rei, Hugo Lange, Jardim Botânico, Juvevê, Mercês, Parolin, Pilarzinho, Prado Velho, São Lourenço, Seminário e Vista Alegre. ?Só tenho caixa d?água para o banheiro, mas mesmo assim minha família está tomando banhos rápidos. O racionamento incomoda, mas é necessário. Por isso, a gente tem que colaborar com a economia?, afirmou o operador comercial João Gabriel de Gracia, que mora no Rebouças.

A operadora de telemarketing Anne Mary Vellozo, que tem residência no Pilarzinho, costuma colocar as roupas da família para lavar no sábado, quando tem folga na empresa onde trabalha. Só que nesse fim de semana, teve que adiar para hoje. ?É complicado. Trabalho fora e geralmente é no sábado que tenho disponibilidade de tempo para os serviços domésticos. Pessoas que só ficam em casa podem se programar. Eu não tenho como e o racionamento acaba sendo bastante incômodo?, diz.

Na casa de Anne, onde vivem quatro pessoas, os moradores tomaram banho antes de a água acabar e a louça foi acumulada na pia da cozinha para ser lavada de uma única vez, o que propicia melhor aproveitamento tanto da água quanto de detergente. Porém, as calçadas e o carro da família continuam esperando para ser lavados. ?Estamos economizando há bastante tempo, antes mesmo de a Sanepar decretar o racionamento?.

Grande parte dos lava-cars localizados nas regiões atingidas pelo racionamento continuaram a funcionar. Porém, na maioria deles, a água utilizada na limpeza dos veículos era exclusivamente a acumulada em poços artesianos. Era o caso do estabelecimento de Mauro Shemerek, no Prado Velho. ?Ainda bem que tenho poço. Há uns quinze dias, devido à estiagem, muitos clientes deixaram de aparecer e não posso me dar ao luxo de fechar meu estabelecimento. A seca fez com que o movimento em meu lava-car diminuísse cerca de 30%, mas minhas contas não deixam de chegar?.

Novos grupos

Às 14h de hoje, o rodízio atinge os usuários do grupo 3. Neste grupo vivem 186.718 pessoas. O bairro São Francisco será afetado integralmente. Os demais, parcialmente: Abranches, Água Verde, Ahu, Alto Boqueirão, Batel, Bigorrilho, Bom Retiro, Boqueirão, Campina do Siqueira, Centro, Centro Cívico, Fanny, Guabirotuba, Guaíra, Hauer, Jardim das Américas, Mercês, Parolin, Pilarzinho, Prado Velho, São Lourenço, Seminário, Uberaba, Vila Izabel e Vista Alegre.

O rodízio para o grupo 4 tem início às 14h de amanhã. Cerca de 313.118 pessoas ficarão sem água. Serão afetados parte dos municípios de Almirante Tamandaré e Colombo. Em Curitiba, parcialmente serão afetados Abranches, Ahu, Atuba, Bacacheri, Cabral, Centro Cívico. Já os bairros Barreirinha, Boa Vista, Cachoeira, Santa Cândida, São Lourenço, Taboão e Tingui serão atingidos totalmente.

A Sanepar recomenda que as pessoas, diariamente, continuem economizando, pois não há previsão de chuva suficiente para recompor os mananciais.

Carros-pipas são opção para empresas

Gisele Rech

A falta de água provocada pelo racionamento pode resultar na necessidade de contratação de carros-pipas, especialmente por empresas e estabelecimentos que necessitam de uma grande quantidade de água. Como a Sanepar só vai disponibilizar a água emergencial para hospitais, escolas e creches públicas, a saída é contratar empresas que trabalham com fornecimento de água por meio de caminhões.

Temendo que algumas empresas se aproveitem da situação e forneçam água de má qualidade, a Sanepar alerta para que as pessoas só comprem água das empresas credenciadas, que têm um selo na carroceria indicando que o produto foi vistoriado.

Outra orientação é que antes de autorizar a descarga da água, o cliente exija que a carga esteja lacrada e seja apresentado o laudo da Sanepar. Os números do lacre e da carga devem ser iguais. No laudo constam a data da carga e os parâmetros da qualidade, dados exigidos pela Portaria 518 do Ministério da Saúde. A água fornecida pelas empresas autorizadas é proveniente da Estação de Tratamento de Água (ETA) Karst (Colombo), do ETA Rio Pequeno (São José dos Pinhais), ETA Passaúna (Curitiba) ou ainda do Reservatório Pinheirinho, também de Curitiba. A Sanepar cobra do caminhão-pipa R$ 3,31 por metro cúbico.

As empresas que desejarem fornecer água em caminhão-pipa devem se cadastrar na Sanepar, submeter os caminhões à vistoria e atender todos os procedimentos exigidos pela Portaria 518.

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