A orla de Matinhos e Caiobá amanheceu agitada ontem. Vendedores que trabalhavam nos quiosques à beira-mar foram surpreendidos com máquinas e tratores da Prefeitura, que em pouco tempo colocaram por terra todas as construções que eram utilizadas para a comercialização dos mais diversos produtos, especialmente alimentos e artesanato. A ação foi comandada pela Prefeitura, a mando da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), e custou também a demolição da casa do pescador Lucas Carvalho, uma construção de alvenaria na beira da praia que já tinha 28 anos. A Polícia Federal esteve no local apenas para manter a ordem e não teve maiores transtornos.
"Fui surpreendido com os tratores e corri para tirar a mercadoria do quiosque, antes que perdesse tudo", contou o artesão Clóvis do Santos. Ele trabalha na orla com artesanato há 14 anos e está preocupado com o futuro de seu negócio. "Reconheço que muitos quiosques estavam funcionando de forma irregular e outros não tinham condições de higiene. Mas o temor é pela demora da implantação de um novo e de como serão redistribuídos os novos quiosques", diz Clóvis. Além da questão de higiene, há denúncias de que proprietários tenham vendido a terceiros quiosques cedidos pela Prefeitura.
Apesar de Clóvis desconhecer a intenção da Secretaria de Patrimônio da União de demolir os quiosques ontem, informações da Prefeitura de Matinhos, fornecidas pela assessoria de comunicação, dão conta que os comerciantes estavam cientes de que isso poderia acontecer a qualquer momento. Isso porque há anos a SPU pede à Prefeitura que apresente um projeto estruturado dos quiosques na orla. Os que foram demolidos ontem eram "temporários", já que a licença de construção e funcionamento foi dada com prazo de validade de 60 dias, no início de 2001. Em quatro anos, a Prefeitura não providenciou o projeto, que só agora, na gestão de Francisco dos Santos (PSDB), está ganhando forma. Um pouco tarde para evitar a demolição imediata, já que através de um ofício (0474/2005) de 12 de abril, a SPU pedia que os quiosques fossem desocupados até o dia 10 de maio.
Pelas informações dadas pela Prefeitura, o projeto dos novos quiosques já foi debatido de forma preliminar com o gerente regional do SPU, Dinarte Antônio Vaz, em uma reunião ocorrida há quinze dias. De antemão, há a expectativa de que a execução do projeto termine apenas para a temporada das praias, no final do ano. As novas concessões, já adianta a Prefeitura, serão dadas mediante edital, sem garantia de espaço para os comerciantes que já trabalhavam na área. O gerente regional do SPU, Dinarte Antônio Vaz, foi procurado pela reportagem de O Estado para comentar a ação, mas não foi localizado.