A Justiça Federal de Curitiba não acatou o pedido dos donos dos quiosques instalados na orla de Guaratuba, litoral do Estado, para que a ordem de desocupação da área fosse suspensa. A decisão foi tomada na última quinta-feira, véspera do feriado de Nossa Senhora Aparecida. Mesmo assim, ontem, os comerciantes estavam trabalhando normalmente no calçadão e prometiam sair do local só na segunda-feira.
Segundo o advogado do grupo, Orley Pacheco, os comerciantes não devem mais recorrer. Ele explicou que a decisão do juiz federal Nicolau Konkel Júnior, da Vara Ambiental, Agrária e Residual de Curitiba, foi bem fundamentada e as chances de reverter a decisão são mínimas. Mas explicou que o comerciantes vão continuar tentando negociar com a Secretaria de Patrimônio da União. Acreditam na possibilidade de continuar vendendo os produtos em carrinhos que possam ser retirados da praia ao fim do dia. Os quiosques instalados hoje são fixos.
Mesmo contrariando a ordem da Justiça, eles iriam aproveitar o movimento de turistas até o fim do feriado, só depois iriam retirar os quiosques do local. Um dos proprietários, Ismael da Silva Ricardo, estava preocupado porque os comerciantes dependem dessa atividade para sobreviver. ?Trabalhamos aqui durante todo o ano?, falou.
Segundo ele, 54 quiosques pertencem aos moradores e em cada um trabalham até três pessoas. ?Muita gente vai ficar desempregada. Temos que contar também o prejuízo dos fornecedores de bebidas, gelo, coco e água?, falou.
Neste fim de semana, ele esperava lucrar até R$ 2 mil. O dinheiro é dividido entre os trabalhadores e também serve para manter as famílias durante o resto do ano, quando o movimento é mais fraco. Carlos Souza também não escondia a preocupação. Ele trabalha no local há 15 anos e não sabe o que vai fazer se tiver que deixar a praia. ?Acho que terei que ir embora, procurar emprego em outro lugar?, contou.
Turistas
Os turistas também não estavam gostando da retirada dos quiosques. ?É uma forma de trabalho. A gente usa o serviço deles. Eles não atrapalham ninguém e estão em locais bem acessíveis?, disse Stephany Bravos. Outra reclamação de quem passou o dia na praia ontem era a falta de água nos chuveiros. ?Falta de respeito com as pessoas. A gente sai do mar cheio de sal e areia e não tem como se lavar. Vou ter que comprar água mineral?, revelou Robson Picole, de Telêmaco Borba.
Além disso, quem resolveu pegar a estrada ontem de manhã também teve que ter muita paciência. Devido ao semáforo instalado na cidade de Garuva, entrada para Guaratuba, formou-se um congestionamento de mais de seis quilômetros atingindo a BR-376, colocando em risco a vida dos motoristas que paravam sobre a rodovia.