Aids

Questão psicológica afeta portadores do vírus HIV

“Achei que logo eu ia morrer.” A frase é de João Maria de Castro, soropositivo e vice-presidente da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/aids no Paraná. “Eu aceitei e fui aprendendo que existe vida, muita vida, depois do HIV”, afirma.

Além da saúde física, o infectado pelo vírus causador da aids precisa cuidar da saúde psicológica. Uma pesquisa divulgada ontem pelo Ministério da Saúde aponta que as pessoas sofrem mais com os problemas sociais e psicológicos causados pela presença do vírus e da doença do que a ação no organismo. O estudo foi realizado pela Fundação Oswaldo Cruz com 1.260 pessoas.

No Dia Mundial de Combate à Aids, lembrado ontem, surgiu este alerta. O levantamento Percepção da Qualidade de Vida e do Desempenho do Sistema de Saúde entre Pacientes em Terapia Antirretroviral no Brasil -2008 mostra que 33% das mulheres soropositivas que fazem tratamento afirmaram ter grau intenso ou muito intenso de tristeza ou depressão; 47% ainda disseram ter grau intenso ou muito intenso de preocupação e/ou ansiedade. Entre os homens, os índices foram de 23% e 34%, respectivamente.

Paralelamente, 65% dos entrevistados avaliaram seus estados de saúde como ótimo ou bom. A pesquisa também revelou que existe um preconceito muito forte contra o portador do vírus. Mais de 20% dos entrevistados perderam o emprego depois do diagnóstico. Do total dos entrevistados, 58% não trabalham atualmente.

Portadores

Estima-se que 630 mil pessoas possuam o vírus HIV no Brasil. Mas 250 mil delas não sabem que estão infectadas. Apesar do maior acesso à informação, muita gente continua achando que a aids só aparece para os outros.

Isso foi citado como o maior problema quanto à prevenção da doença por João Maria de Castro, pelo vice-prefeito e secretário de Saúde de Curitiba, Luciano Ducci, e pelo frei Pedro Bondani, assessor para o Paraná da Pastoral da Aids.

“As pessoas acham que não vai acontecer com elas”, comenta Bondani. “O trabalho com a informação continuada fez com que a taxa de incidência caísse ao longo dos anos. Mas há pessoas que ainda acreditam que nada vai acontecer com elas. Só que todos têm risco de se infectar com o vírus da aids”, afirma Ducci.

Além da informação, a população tem acesso aos testes que detectam o vírus gratuitamente. Ontem, uma equipe da Secretaria Municipal de Saúde aplicou os chamados testes rápidos – cujos resultados saem em 20 minutos – em uma ação para a comunidade da Vila Nossa Senhora da Luz.

O teste está disponível em toda a rede pública de saúde, assim como o tratamento. Ontem, a secretaria também lançou uma revista com as experiências de Curitiba nesta área.

Ainda existem trabalhos de ONGs, como a Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/aids, que faz assessoria e oferece tratamento psicológico para quem quer achar a vida depois do diagnóstico. A rede fica na Rua Cruz Machado, 353, sala 2. Informações pelo telefone (41) 3233-2473.

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